Gigantes (e leitores) adormecidos

Sobre o que fala o livro Gigantes Adormecidos?
Gigantes Adormecidos começa com a história da pequena Rose, uma garotinha que fica entusiasmada com a bicicleta que ganhou de aniversário e sai pedalando pela rua de sua casa. O entusiasmo, porém, dá lugar à confusão quando ela desmaia e acorda depois de um tempo em uma mão de metal gigante enterrada no canteiro de um jardim. A partir daí, Rose (já crescida) irá se propor a descobrir mais sobre essa mão — que, aparentemente, é parte de um robô gigante e milenar enterrado.
Como ele é escrito?
Da pior forma possível: em depoimentos, diários e, de vez em quando, em texto direto. A maioria das passagens, no entanto, é feita do mesmo modo que esta resenha: em formato de entrevista.

Isso é bom?
Nem um pouco. Apesar de inovar na forma de contar uma história, o texto se torna cansativo. Afinal, não é algo factual — como resenhas— e não tem elementos que podem ser, simplesmente, elencados. Não chama a atenção, não prende o leitor e só desanima.

Mas e a história? É boa?
MUITO. Quem conseguir enfrentar os estafantes capítulos de entrevistas, terá uma boa história para se recordar no final.

Quais os pontos positivos?
Os personagens são bem desenvolvidos — na medida do possível, claro. Afinal, não é fácil criar um personagem por meio de entrevistas e depoimentos. Entretanto, a Rose adulta é interessante e possui camadas profundas em seu desenvolvimento. Além disso, o final é bem elaborado, apesar de perder um pouco de força por causa do estilo de escrita de do autor, Sylvain Neuvel.

Só isso?
Fora a capa que é muito bonita, é só isso mesmo. Afinal, é um dos livros mais cansativos que li nos últimos anos.

Mas não tinha potencial?
Tinha muito potencial. Muito. Recentemente, fiz resenha do livro O Quarto Dia. Um livro incrível, mas que acaba com um final sem graça — feito em forma de entrevistas e depoimento. O mesmo acontece com Gigantes Adormecidos, só que de forma muito maior. A história é incrível e a Rose se mostra como uma ótima protagonista. Se tivesse sido escrito da maneira convencional, entraria para a lista de favoritos. Falhou por tentar inovar.

Qual a nota?
Pelo potencial da história, pelo final e pela construção da Rose:

Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

    Comentários do Blogger
    Comentários do Facebook

0 comentários:

Postar um comentário