Malévola | Robert Stromberg

Segundo minha experiência em não ser convidado para festas de aniversário e meu breve conhecimento a respeito dos clássicos da Disney, eu conclui que existem três tipos de pessoas que não são convidadas para as festas. As que ficam em casa. As que vão de bicão e, em terceiro, aquelas que, além de ir de bicão, amaldiçoam o/a aniversariante para que, no aniversário de dezesseis anos, ele/a espete o dedo em uma roca e durma eternamente. Supernormal.
Até meus dezenove anos, defini “A Vilã da Bela Adormecida” como a bruxa revoltada porque não recebeu o convite de um batizado. O filme Malévola elimina essa visão da bruxa – começando com o fato de que ela é, na verdade, uma fada. Como se não bastasse as grandes asas, também tem os grandes lábios de Angelina Jolie. É com as asas – ou sem elas – que a atriz carrega o filme ao lado de uma produção impecável e efeitos de primeira qualidade.
Depois de filmes como “Branca de Neve e o Caçador” e “Oz: Mágico e Poderoso”, confesso que estava com não apenas um, mas dois pés atrás antes de comprar meu ingresso. Os únicos motivos para eu ter comprado o balde de pipoca enorme e sentar na cadeira G6 do cinema para assistir “Malévola” foi para ver uma maliciosa Angelina Jolie dizer “Well, well...” e ouvir Lana Del Rey cantando “Once upon a Dream”. É claro que também fui pelo grande sucesso e repercussão comercial que o filme teve nos últimos meses.
A experiência foi satisfatória e diferente do esperado. Não só diferente pela questão de que o filme estava sendo vendido como gótico e o resultado está bem longe disso. Diferente por ser uma doce adaptação de um conto de fadas recheada de valores humanos que alcançam um público-alvo de todas as faixas etárias. A química entre Jolie e Ellie Fanning é agradável, cômica e carismática, apesar de ser breve.  
O mais interessante do lançamento é o que tem acontecido em filmes infantis como “Meu Malvado Favorito” e “Megamente”: a desconstrução dos estereótipos de quem é mau e quem é bom. Apresenta, com sutileza, que todos carregam anjos e demônios – fadas e bruxas – dentro de si. Existe um meio termo, nem todo mundo é vilão e nem todo mundo é herói. Todo mundo é ser humano, comete deslizes e também alcança triunfos. 
Em suma, apesar do enredo majoritariamente infantil e parcialmente previsível, “Malévola” é um filme moderno que compra a briga contra padrões ultrapassados e apresenta um universo fantasioso implicitamente muito próximo do real. 


Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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1 comentários:

  1. Esperava mais do filme, eu achei que não teve um clímax, que não teve um momento em que você ficava ansioso e nervoso por saber o que aconteceria a seguir, esse, para mim, foi o grande ponto fraco do filme. Mas apesar disso gostei da história, e a Angelina está perfeita como Maleficent!
    Abraços!

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