Imagine-se numa sociedade
futurista onde os humanos são pré-concebidos e com características
pré-definidas, ocupando lugares pré-determinados na sociedade: os alfas ocupam
o topo e os ípsilons a base, tornando a pirâmide social imutável. Além disso,
alguns valores são considerados crimes, como a família, a monogamia, a
privacidade e o pensamento criativo. Tudo isso, é claro, visando inibir o
surgimento de pessoas que destoem do sistema.
Em meio a tamanha controladora
sociedade, surge Bernard Marx, um rapaz que não vê prazer na promiscuidade e
deseja a solidão. Assim, ele acaba buscando a liberdade num grupo social que
ainda mantém os valores de outrora.
Além das características já
mostradas no início, outra coisa é apresentada aos poucos e mostra o motivo de
tamanha docilização: a droga SOMA. Distribuída pelo governo às pessoas com
frustrações, depressão e dúvidas em relação ao sistema em que vivem,
deixando-as felizes e, aparentemente, sem problemas.
Inserindo o leitor nesse enredo
desesperador e extremamente reflexivo, Huxley começa a desfiar por suas páginas
uma história que caminha por uma tênue linha que delimita o inimaginável do provável.
Apesar de alguns aspectos aparentemente fantasiosos, a história, conforme se
desenrola, vai se mostrando como sendo extremamente capaz de ser o futuro da
humanidade, causando sensações diversas no leitor.
Depois da apresentação do enredo,
o leitor já pode se deter em um aspecto que deve causar espanto e admiração: a
obra foi escrita no ano de 1932. Sim, 1932! Ou seja, na época em que foi
escrito, a sociedade nem ao menos beirava uma transformação social profunda.
Era totalmente diferente e sem ligação alguma com a possível distopia. Agora,
se compararmos com a sociedade na qual vivemos, é espantoso o quanto ela
evoluiu e se aproximou do que Huxley previu.
Por tais características, por
apresentar uma leitura agradável, apesar de maçante em alguns momentos com
excesso de descrição, e por ser um clássico da literatura, Admirável Mundo Novo é uma obra que merece e deve ser lida por
todos, assim como os co-irmãos Fahrenheit
451 e 1984 (que é, sem dúvidas, o
melhor dos três), que apresentam sociedades distópicas.
Vale ressaltar, além do ótimo
enredo, as brilhantes ligações feitas por Huxley, ao decorrer da leitura, com o
mundo real. Shakespeare (que, com suas obras, inspirou do título aos personagens),
Ford (vide a divisão de eras, Depois de Ford e Antes de Ford) e até mesmo
Freud, essencial para compreender algumas passagens relacionadas a sexualidade.
Enfim, Admirável Mundo Novo é uma obra de arte e, como já disse, merece e
deve ser lida por todos. É uma obra visionária e que causa intensa reflexão e,
até mesmo, amedrontamento em quem o lê.
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