Por Isso a Gente Acabou | Daniel Handler


"Você sabe que eu quero ser diretora, mas você nunca viu de verdade os filmes da minha cabeça e foi por isso, Ed, que a gente acabou."

Quem me conhece sabe que não sou um apreciador de livros de romance e admito que já comecei a ler esta obra com um certo pré conceito.
Surpreendentemente esse livro não se trata disso. Na verdade, sim, tem um pouco desta temática, mas seria um pecado mortal dizer que só encontraremos paixões e clichês adolescentes.

Min Green é uma garota apaixonada por filmes. Tão apaixonada que não consegue terminar uma narração sem citar um clássico dos cinemas que tenha apresentado uma situação igual a qual está passando. Dotada de uma acidez cômica, Min escreve uma longa carta (este livro) dedicada a Ed, seu ex-namorado.
Ed Slaterton é o típico co-capitão do time de basquete da escola, bonito, superficial e galante, que sempre consegue o que quer com seu charme. E, é esse o único e principal clichê que encontramos: a garota intelectual que se apaixona pelo garoto popular.
A carta se baseia em Min contando à Ed os motivos do namoro ter acabado, comicamente terminando a maioria dos capítulos com o jargão "por isso a gente acabou". Junto com a carta, ela decide entregar à Ed uma caixa com todos os souvenires dos momentos marcantes do namoro e justificar a escolha de estar colocando determinado objeto na caixa, relembrando-o como foi e qual situação fez com que ela o guardasse. Desta forma, ela nos conta desde o primeiro objeto (como eles se conheceram) até o último (como tudo acabou).

É obvio que nós já somos vacinados contra este tipo de clichê. Todos pensamos "Ora, mas é claro que este relacionamento não pode acabar bem", visto que tudo entre os dois personagens, exatamente tudo, é envolvido por um paradoxo adolescente. 
Os amigos de Min, todos nerds de um criticismo irritante ou extremamente engraçados como Al que sempre tem a mania de dizer "Ainda não tenho opinião formada sobre isso" quando não quer dizer o que realmente pensa sobre algo ou alguém, são completamente diferentes dos amigos de Ed, loucos por bebidas e tão profundos quanto uma piscina infantil. Muitos vão se identificar com o que os personagens, sejam os coadjuvantes ou os principais, passaram: os planos divergentes de sábado a noite, os locais que cada personagem gosta de frequentar e até mesmo o gosto por café.

A história nos trás uma sensação estranha, ao invés de ficarmos irritados com o romance "grudento" típico de início de namoro, nos vemos torcendo para que, de alguma forma, dê certo, mesmo sendo sempre lembrados que, por isso ou aquilo, eles acabaram.
Talvez o único defeito deste livro seja a complexidade dos pensamentos de Min, as vezes temos que voltar algumas páginas pra entender o que realmente está acontecendo. 
O livro é relativamente curto, o espaçamento é grande e tem uma série de figuras, entretanto, o enredo é completo. A tradução é muito concisa, numa linguagem bem jovem e ao mesmo tempo rebuscada. 

Daniel Handler, criador do famoso pseudônimo Lemony Snicket, autor de Desventuras em série, tem o dom de transformar um clichê em algo muito interessante. Pontos pelo realismo! Por Isso a Gente Acabou, com certeza, daria um bom filme de comédia romântica.

    Comentários do Blogger
    Comentários do Facebook

5 comentários:

  1. Este livro parece ser super legal! Mas, como estou falida, só me resta esperar pela Black Friday. 28/11 chegue logo pra eu comprar "Por isso a gente acabou"!!

    ResponderExcluir
  2. Já estava querendo ler, e agora com essa resenha fiquei com mais vontade...

    ResponderExcluir
  3. Esse livro parece ser muito bom, e sendo contado em carta parece ser uma maneira diferente de escrever mas que me deixou muito ansioso para poder ler.

    ResponderExcluir
  4. Adoro livros contados assim, em cartas, e como você também disse, não gosto muito de romances, mas esse não parece ser daqueles melosos, onde você suspeita o que vai acontecer desde a primeira página.
    Abraços!

    ResponderExcluir
  5. Comédias românticas são o meu xodó clichê ❤ E ter um personagem chamado Ed me lembrou o Ed Sheeran que é um amorzinho! Tenho essa mania de colocar gente famosa como personagem, e isso acaba me fazendo gostar ainda mais do livro (ou menos). Adorei a resenha, e com certeza ta na minha lista de leitura!

    ResponderExcluir