Amy & Matthew | Cammie McGovern

A sick-lit é um estilo literário que vem ganhando cada vez mais força. Começou com As Vantagens de Ser Invisível e A Culpa é das Estrelas e não para mais. Dezenas e dezenas de livros são lançados todo ano com o mesmo mote: adolescentes com algum tipo de doença ou distúrbio. Muda apenas o ambiente ao redor e um pouquinho do enredo. Virou moda. E Amy & Matthew não foge disso.
A história dos dois personagens é bem tensa: Amy é uma garota que nasceu com paralisia cerebral. Por isso, não fala sem a ajuda de um aparelho, como o de Stephen Hawking; não anda sem seu andador; e não consegue comer sem ajuda. Já Matthew tem TOC, fazendo com que ele lave as mãos repetidas vezes por dia. Curiosamente, tenho a mesma mania e me chamo Matheus. Uma daquelas grandes e curiosas coincidências da vida.

Os dois, então, acabam se aproximando. Afinal, ambos possuem problemas que dificultam uma maior socialização. Matthew fica encarregado de cuidar de Amy em alguns dias na semana. Só que, surpreendentemente, Amy acaba ajudando o garoto com seu problema de TOC, incentivando-o a achar um emprego, uma namorada. É construída uma relação de ajuda mútua entre os dois. E, como não poderia deixar de ser, fica um ar de romance.
O grande acerto da autora é que ela não tem medo de fazer com que os personagens sofram. De todos os livros que já li deste estilo literário, esse é o mais cruel. Amy não tem amigos sinceros; Matthew sofre com as impossibilidades que o TOC coloca em sua vida. E é um sofrimento silencioso. Ambos, no começo do livro, sofrem individualmente, sem compartilhar. E isso faz com que tudo fique mais sofrível – num bom sentido.
Porém, o acerto da autora para por aí. Este primeiro momento de descrição e apresentação dos personagens e situações falha em criar uma empatia com o leitor. Eu não gostei de Amy em momento algum. Não simpatizei. E Matthew não me comoveu, mesmo eu tendo um problema parecido. E quando o livro vai para o segundo ato, tudo vai por água abaixo. Ambos se aproximam – como descrevi anteriormente – e é criada uma relação de ajuda entre eles. Mas nada convence e não causa empatia.
Não sei se sou insensível, mas não me emocionei em nada. A relação dos dois pareceu artificial, assim como a entrada de Amy no “mundo social”. Matthew, ainda, teve uma inserção social mais palpável. A descrição do primeiro dia de trabalho dele é muito boa. Consegui sentir aquilo. Mas isso não evoluiu. Alguns dias depois ele já estava totalmente integrado. Foi artificial do começo ao fim.
E o ato final foi extremamente pouco convincente. Apesar de Cammie McGovern ter ganhado pontos ao tornar Amy próxima da realidade de qualquer um, os acontecimentos finais não convenceram. Fiquei pensando o motivo de todo o mistério colocado no desfecho. Se a leitura já não ia bem, no final desmoronou de vez.
Além do enredo, mais dois problemas: a capa é parecida com um sucesso literário recente, Eleanor e Park. Mesma palheta de cores, mesmo estilo de letra usada. Desnecessário. Além disso, as falas de Amy durante o livro são colocadas EM MAIÚSCULO. PARECE QUE ELA ESTÁ BERRANDO O TEMPO TODO. COMO EU AGORA. É incômodo. Entendo que a autora queria passar a ideia de artificialidade na voz, mas não deu certo. Poderia ter usado itálico, outra fonte, qualquer coisa. Menos maiúsculo.
Enfim, Amy & Matthew é um livro que começa bem, com bons personagens, mas erra no restante. Não emociona, cria situações de frágil realidade. Acerta apenas em uma outra situação. Mas só. Uma pena. Podia ter sido bem melhor.

Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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6 comentários:

  1. Eu gosto de personagens com deficiência, é como a quebra de um preconceito.
    Eu estava interessada no livro por causa do Igor, mas agora ... To de boa. \/

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  2. Tava muito ansioso pelo livros. Ele realmente parecia ser muito bom. Mas não é. 😞. Tinha muitas expectativas, pensei que era bem parecido com Eleanor Park, mas me enganei. O livro realmente é muito incomodo. Você até foi gentil em dar 3 estrelas. Sua resenha ficou ótima Matheus 😃 e o livro é bem assim, como você descreveu.!

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  3. Já li e assisti muitas resenhas boas sobre esse livro, estou surpresa pelo "regular" do índice x hehuhuhe, mas só poderei saber se é bom ou não lendo né!? Bom eu gostei da sinopse, parece ser bom, um dia eu leio e vejo sse é mesmo ou não. hehe

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  4. Um livro em que tinha muita gente falando sobre.... Fiquei intrigado, mas nao senti essa enorme vontade de ler, e tbm tinha a leve impressao de q ele n superaria ACEDE e pelo jeito eu estava certo né, enfim, nao e um livro que eu esteja com muita pressa para ler. #Igu

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  5. Caraca! Eu acho a capa super parecida com a de Eleanor e Park, você tem TOC? :o

    Agora fiquei em cima do muro: ler ou não ler? :| O enredo parece bem construído, mas com tudo o que você falou, mal construído :|

    Ai, Senhor, responde Matheus: tiro ou não da wishlist? :/

    Sua resenha ficou ótima, mas a sua sinceridade foi tão sincera que me deixou confuso ._.

    Abs!

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  6. Oi Matheus,
    Eu já li Fangirl da mesma autora, achei um livro muito fraco, não gostei nenhum pouco, então fico com certo receio de ler outro livro da Rainbow, mesmo querendo ler. E como você não gostou tanto do livro, não me sinto tão impulsionada a ler.
    Beijos.


    umlugarparaleresonhar.blogspot.com

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