Chimamanda e a Diversidade na Leitura

Se há uma escritora que anda chamando bastante minha atenção é Chimamanda Ngozi Adichie. Com um nome desses enorme e diferente, como não chamar? Mas o que realmente a diferencia são os temas abordados em seus livros, como racismo e feminismo. Você já reparou quantos livros leu com protagonistas negras? Pois é, Chimamanda anda mudando esse quadro ao nos apresentar protagonistas nigerianas que vivem na pele o preconceito tanto racial quanto sexual.
Ela também possui duas palestras incríveis do TED: O perigo de uma história única e Sejamos todas feministas. O primeiro fala como ela não se identifica com nenhum dos personagens literários por ser mulher, negra e nigeriana, e por eles não fugirem do eurocêntrico branco. Isso me faz lembrar do livro Eleanor & Park, no qual, os personagens principais são uma menina acima do peso e um garoto asiático. Quantos livros você já leu com personagens principais assim? Lembra-se de Rony Weasley e como Rupert Grint agradeceu J. K. Rowling por ter dado visibilidade aos ruivos? E pessoas com deficiência? Onde estão elas na literatura? Apenas em Extraordinário? Nosso mundo é gigantesco em diversidade, mas vemos pouca representatividade disso não só na literatura, como também no cinema, na música e outros tipos de arte.

“Eu cresci num campus universitário no leste da Nigéria. Minha mãe diz que eu comecei a ler com dois anos, mas eu acho que quatro é provavelmente mais próximo da verdade. Então, eu fui uma leitora precoce. E o que eu lia eram livros infantis britânicos e americanos. Eu fui também uma escritora precoce. E quando comecei a escrever, por volta dos sete anos, histórias com ilustrações em giz de cera, que minha pobre mãe era obrigada a ler, eu escrevia exatamente os tipos de histórias que eu lia. Todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis. Eles brincavam na neve. Comiam maçãs. E eles falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido. Apesar do fato que eu morava na Nigéria.” 

Sobre o Sejamos todas feministas temos um tema mais polêmico, já que a palavra feminista normalmente assusta as pessoas e logo vem imagem de mulheres com peitos de fora protestando na rua. Em sua palestra, a autora fala justamente sobre isso: quando ela foi chamada de feminista e percebeu que não foi um elogio. A partir disso, ela entendeu que era sim feminista, mas que, ao contrário de todos os rótulos que as pessoas colocam – infeliz, que odeiam homens, etc – ela se definiu como: “uma feminista feliz e africana que não odeia homens e usa batom para si mesma, não para os homens”.
Esse discurso foi tão importante e claro, que ele foi transformado em e-book pela Companhia das Letras e – felizmente – distribuído gratuitamente. Em menos de uma hora, você consegue ler e entender o que Chimamanda diz sobre o feminismo não só na Nigéria como no resto do mundo – afinal, o que acontece lá, por mais diferente que seja a cultura, também acontece no Brasil. E é claro, você também pode assistir ao vídeo da palestra legendado.
E agora que eu coloco o convite para vocês: leiam coisas diferentes. Procurem histórias diferentes, livros fora do comum. Procurem livros que os façam se questionar. Essa geração de leitores – a qual falavam que era inexistente no Brasil – vai se tornar uma geração de escritores, os quais, espero, escrevam personagens diferentes e com os quais possamos nos identificar.

Danielly Stefanie

21 anos, formada em Publicidade. Não sabe se gosta mais de escrever ou de desenhar. Não sabe se tem mais medo da tela em branco do Word ou do Photoshop. Lê praticamente qualquer tipo de livro. É apaixonada por cultura japonesa, faz aulas de japonês, pratica karatê e kobudo. Sem falar todas os animes que assiste. Um dia vai trabalhar no Studio Ghibli (só não sabe se será desenhando ou escrevendo).

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8 comentários:

  1. Que história bonita, me apaixonei por ela! Quero muito ter o prazer de ler algo dela. Seria legal o Índice trazer uma resenha de um nos indicando! hehe
    Nunca tinha ouvido falar dela. Obrigado Índice! :D

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  2. Eu nunca pensei em ser '' feminista '', por que ainda sou jovem. Oque sei do mundo ? Praticamente nada. As vezes olho para uma meninas na sala, elas são ''diferentes'' do velho Clichê - escreve assim ? -, superam ate os rapazes - que parecem maricas -q - no ''jogo deles ''. Em minha sala estamos estudando o Islamismo e eu vê que as mulheres nos Islamismo não podem se vestir como querem e nem ao menos tem direitos, a matéria não se aprofundou muito nisso, mas eu só de ouvir o Professor dizendo me deu um ódio enorme.

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  3. Acho uma idéia muito incrivel essa de livros que tem personagens negros e tal, que aborda isso do preconceito tanto de raça como em sexualidade, eu nao conhecia essa autora mas ela deve ser uma autora muito incrivel e muito respeitada por tais assuntos e tal, por abordar tais assuntos que hoje em dia estão sendo tão falados por todos, algum dia talvez eu tente ler algo dela, pois acho muito interessante esse papel da autora na literatura #Igu

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  4. Que diva 😊 ahhahah. A história é muito bonita, e a mulher da foto também hahahah, acho muito legal autoras que buscam a diversidade e tiram as pessoas de suas zonas de conforto. Acho que ela tem muito mais para crescer!! Adorei essa apresentação da autora 😊 com certeza vou buscar mais coisas sobre ela 😊 Não estou mentindo, realmente fiquei muito interessado. Não só por sua beleza, mas por sua história e pelos seus temas. Adorei! 💕

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  5. Gosto muuuuuito de ficções, porém largo TUDO pra ler algo que me faça refletir e que transmita conhecimento. Já baixei o livro, e com certeza vou achar interessante. Deviam existir mesmo mais livros diferentes, que nos faça refletir sobre a sociedade hoje em dia, os estereótipos, preconceitos e rótulos que já é "natural" das pessoas hoje em dia, porém que pode ser mudado...

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  6. Giovanna, nunca é cedo nem tarde para se tornar feminista. Basta procurar conhecer mais e saber sobre o assunto. Tem blogs muito bons sobre, como o Capitolina e o Think Olga. Eu não virei feminista de um dia para o outro, foi aos pouquinhos e com muita pesquisa.

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  7. Que bom que gostou e que baixou o livro, Wesley! Depois de lê-lo, procure outros da autora.

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  8. Em breve, pretendemos postar resenha de livros dela! :D

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