Brutal | Luke Delaney

Dizem por aí que não se deve julgar um livro pela capa. Eu mesmo já fiz isso várias vezes e me dei mal – comprando livros bonitos, mas sem conteúdo literário algum. Porém, mesmo após esses erros, confesso que não aprendi. Quando vi a capa de Brutal, quis ler o livro sem saber do que falava. As letras azuis do título, um tanto quanto translúcidas, e o fundo preto deram um ótimo ar sombrio. Enfim, a capa é impecável.
E quando li a sinopse, me animei mais ainda. O livro é sobre um serial killer perfeito.


Cada crime seu é uma obra de arte: não deixa vestígios, tudo é pensado previamente e tudo elaborado para deixar os investigadores confusos. E consegue. Sean Corrigan é o responsável pelo primeiro crime do assassino e, praticamente, não possui pistas. Apenas um rapaz, provavelmente garoto de programa, assassinado. E nada mais.

Essa premissa, apesar de não ser nem um pouco original, dá vontade de ler. Crimes perfeitos sempre deixam o leitor instigado a saber como os responsáveis solucionaram e, principalmente, quem é o culpado.
O livro, porém, tem alguns problemas iniciais. O desenvolvimento do autor Luke Delaney – que é um pseudônimo, na verdade, já que ele optou por manter o nome em sigilo – peca na construção de alguns personagens. Sean Corrigan, o investigador e personagem principal, não cria uma empatia em momento algum da leitura. Achei ele prepotente, chato, previsível, teimoso. Nada de positivo. E o sexto sentido dele – que o faz “enxergar” a maldade nas outras pessoas – não convenceu também. Parece que o autor tentou juntar Poirot, Sherlock Holmes e Dupin numa pessoa só. Não deu certo. Corrigan nunca figurará dentre os principais detetives da ficção literária se o autor não fizer uma mudança nele.
Porém, esse problema acaba se tornando irrelevante com o decorrer do livro. As cenas de assassinato – narradas em primeira pessoa pelo próprio assassino – são sensacionais. Mesmo. Uma delas é de tirar o fôlego. Arrisco dizer, a melhor cena de descrição de um crime que já tive a oportunidade de ler. É cruel, fria, dura. E faz com que o leitor passeie pela mente do serial killer. Dá de 10 a 0 nos livros da série Dexter, por exemplo.
Além disso, apesar de Sean não ter empatia, o livro tem alguns personagens secundário que, apesar de mal aproveitados, fazem esse papel. O principal suspeito dos crimes é muito curioso, apesar de ter algumas atitudes estranhas e sem sentido elaboradas pelo autor. Achei que ia ter uma explicação ao final, mas ficou vago. Uma pena, mas ainda assim não estragou o personagem como um todo.
E eu devo ressaltar o final. É muito bom. Muito. Li as 100 últimas páginas rápido demais. Estava completamente imerso na leitura. O conflito criado entre Sean, o assassino e um terceiro personagem é fantástico. Digno de aplausos.

Enfim, Brutal tem uma série de problemas. Personagem principal chato, clichês de livros policiais aos montes, acontecimentos sem nexo. Só que tudo isso acaba sendo sobrepujado pelas ótimas cenas dos crimes, alguns bons personagens de apoio e, principalmente, pelas últimas páginas, que tornam a tarefa de largar o livro impossível. Espero os próximos livros do autor – que também contam, infelizmente, com Sean Corrigan como principal -  que serão lançados em breve aqui no Brasil pela editora Fábrica 231. 

Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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14 comentários:

  1. Achei interessante, mas fiquei com a pulga atrás da orelha pra ler pq primeiro que nao é meu genero preferido de livro e tb eu costumo me irritar com personagens chatos kkk mas quem sabe um dia? Hahaha bjs

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  2. parece ser bem legal, tirando o fato do personagem principal ser chato e é algo q eu sempre julgo nos livros e já parei de ler alguns por causa disso

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  3. A Capa realmente é linda. Adoro livros intrigantes 😊 me dou bem com eles 💕. Apesar de tantos defeitos, o livro parecer ser muito bom. A história é parecida com a do serial killer da Globo, Bruno Gagliasso, kkkkkk. Brincadeiras à parte. Quero muito ler o livro estou bem curioso 😁. Ahhh, parabéns pela resenha 😉

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  4. Eu num li nem assisti nada relacionado a Serial Killer, mas confesso que tenho muita vontade, inclusive já tenho umas 2 séries de Serial aqui pra ver e nunca vi, mas esse livro me deixou bem interessada, e realmente essa capa é foda!

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  5. A capa é muito bonita. Li a sinopse e gostei. To loka pra ler

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  6. Eu também peco nesse sentido de julgar o livro pela capa! Eu adoro livros como esses que contém mistério, pois acaba deixando o leitor curioso e ansioso para saber o que irá acontecer, fazendo com que a leitura flua rápida. Adorei a resenha!

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  7. Eu até ia comprar esse livro por pensar que tinha um mistério enorme, e várias matanças cruéis, mas pelo visto não tem hehe, obrigado pela resenha ótima ainda sim!

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  8. Eu vi esse livro no book haul e fiquei super empolgada também para ler só por causa da capa. Mas começando a sua resenha eu já perdi metade da empolgação, quero ler tantos livros thriller, acho que não preciso de mais um na lista. Obrigada pela resenha!!

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  9. A capa é top, e apesar de suas críticas negativas sobre a personagem vou quer lê-lo. Acho legal o fato de poder entender a mente do serial!

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  10. Oi Mateus,

    Eu estou em um relacionamento sério com esta capa. Tá, eu julgo muito um livro pela capa. Acho que é essencial para uma boa leitura, um livro que tenha uma capa que te dê vontade...

    E depois disto ainda tem a temática do livro, um serial killer que me deixou com vontade de devorá-lo neste exato momento.

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  11. Acho que eu também compraria esse livro só pela capa então não o julgo. Porém pela sua critica não é só a capa que é boa. Parece ser um bom livro de serial killer.

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  12. Nossa, realmente a capa desse livro é muito bonitaa, e sim, eu me interessei em ler, mesmo você dizendo que o personagem seja chato e tal, mas me interessei mesmo por esse livro, me parece ter uma boa história u.u #Igu

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  13. Isso sim que é um bandido espero hein?! Se essas pessoas ruins usassem toda essa esperteza pro bem.... Pior é pensar que existem pessoas assim na vida real. É de dar medo. Mas o bom dos livros, em geral, é que embora o bandido seja bom o bonzinho é melhor.

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  14. Sou dessas de julgar o livro pela capa. E logo eu que amo azul, também ia cair na onda de comprar esse aí! Haha. Enfim, eu estou criando um certo amor por histórias policiais. Quem sabe esse aí não me conquiste, né?!

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