Os dois contos de Coroa Cruel

Se você é fã de A Rainha Vermelha, vai gostar de ler os contos extras que a autora Victoria Aveyard fez para todos nós, mostrando-nos dois tópicos de discussão constantemente abordados por ela: a disparidade social entre os prateados e os vermelhos e a força por trás do regimento vermelho que sonha com uma sociedade mais justa e igualitária.

O conto Canção da Rainha é narrado pela rainha Coriane. Por ser uma personagem enigma, Coriane merecia uma explicação para sua história, portanto foi muito bom ter conhecido sua história do começo ao fim. A rainha veio de uma família politicamente fraca, e exatamente por isso, quando a jovem conquistou o coração do rei todos desconfiaram da união. Era para a rainha ser de uma casa mais tradicional e poderosa, e é exatamente por isso que Coriane – ingênua e insegura – demora para aceitar o lado negativo de ser uma soberana. A única coisa que Coriane tem certeza é que tem alguém interferindo em seus pensamentos, outro prateado que anda manipulando suas escolhas, seus sonhos, e conduzindo seu corpo a abordar vários dos possíveis herdeiros ao trono. Dessa forma, a história de Coriane não é apenas sobre a rainha da casa dos cantadores que morreu muito cedo e deixou filho e marido vulneráveis, mas sim sobre manipulação política e o início de uma grande guerra por poder. Devo confessar que me surpreendi por ela ser uma prateada capaz de valorizar e enxergar o trabalho de um vermelho, e principalmente sobre sua trágica história de vida. De certa forma, sua trajetória nos mostra que nem sempre um bom coração é suficiente para manter um final feliz.

Já o conto Cicatrizes de Aço é narrado pela Diana, uma das guerrilheiras do grupo rebelde dos vermelhos, uma jovem que desde cedo sentiu na pele os abusos dos prateados e que agora assumiu um papel de liderança na luta por uma nova sociedade. Por ter uma patente mediana dentro da guerra, e por ser também o rosto da revolução, Diana nos apresenta a organização por trás dos ataques rebeldes dos vermelhos, e é através dessa narrativa que descobrimos mais sobre esse grupo que não mede esforços para derrubar o controle injusto dos prateados. Sendo assim, o conto gira em torno das missões desse grupo rebelde, e o mais legal é que uma delas coincide com a narrativa de A Rainha Vermelha, ou seja, traz sob outra perspectiva fatos que já vimos no primeiro livro da série. Esse foi um dos motivos de eu ter amado esse conto, afinal adorei descobrir como o destino de Mare, protagonista de A Rainha Vermelha, se enlaçou com o do grupo dos vermelhos rebeldes. O conto foi bom demais, mas ainda prefiro a história de Coriane. 

Vale a pena ser lido, a autora pontuou bem e soube trabalhar em ambas personagens de forma única. 



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