O Menino do Pijama Listrado | John Boyne


Coloque o preto perto do branco que ele vai parecer mais escuro do que já é. Coloque o pobre perto do rico que ele vai parecer mais desafortunado do que já é. Coloque o nazismo aos olhos da inocência que a crueldade torna-se mais forte e brutal do que já é. E, quantas crianças não acompanharam de perto os campos de exterminação e os ataques nazistas contra os judeus? A jogada de John Boyne em "O menino do pijama listrado" é essa: mostrar parte do holocausto aos olhos puros de uma criança de oito anos chamada Bruno. 
O protagonista não é judeu. Na verdade, muito pelo contrário. Filho de um militar nazista, é obrigado a deixar o casarão que vivia em Berlim para morar em um território desolado. Assim como toda criança busca novidades e perde-se em um mundo de descobertas, Bruno explora o local que vive até encontrar uma cerca. Impedido de ultrapassar, ele tenta descobrir o que há do outro lado. Para ele, o local é uma fazenda onde as pessoas vivem bem. Os números em suas roupas - pijamas listrados - fazem parte de uma espécie de jogo. E, mesmo limitado pela cerca, Bruno conhece a peça principal do jogo: um amigo. 
O universo envolvido pela cerca que Bruno fantasiou ser um terreno de paz é, na verdade, um campo de concentração. O amigo, Schmuel, é um pequeno judeu. Mas, quando um está frente ao outro, não existe filho de militar, muito menos filho de judeu. Existe uma amizade.
A obra mais famosa de John Boyne, "O Menino do Pijama Listrado", conta a história de uma amizade entre duas crianças que ignoram o fato de viverem em ambientes completamente diferentes, e criam o seu único espaço. É exatamente isso que torna o livro lindo e terrível ao mesmo tempo. Um relacionamento de paz perdido no meio da guerra, cuja ingenuidade é fator principal para o enredo e desfecho extraordinários. Já adianto: se o seu coração é mole, prepare-se.
Além do cenário do holocausto, guerra e nazismo, o livro também discute a questão da "descoberta da realidade". Quando os seres humanos deixam de lado as visões idealizadas e ingênuas das coisas e começam a enxergá-las como são de fato. Nem tudo é paz, nem tudo é felicidade, e nem tudo é realmente uma "fazenda onde as pessoas brincam com seus pijamas listrados".
Já que a história é contada a partir de um olhar infantil, as situações não são tão bem esclarecidas. É a partir de seu repertório que o leitor que tira as conclusões principais sobre o que está acontecendo ou pode acontecer. Apesar disso, é extremamente didático, educativo, curtinho e explica o holocausto de maneira única e singela. "O Menino do Pijama Listrado", com certeza, deveria ser considerado leitura obrigatória. 

Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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2 comentários:

  1. O livro e o filme são ótimos e emocionantes, eu adoro essas histórias que tem um conteúdo histórico, como a segunda guerra.
    Abraços!

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  2. Foi por esse livro que conheci a escrita do Boyne, totalmente envolvente e viciante, gostei do desenvolvimento que ele deu para a história, o final apesar de triste é extremamente emocionante, o filme retrata muito bem o enredo do livro, mostrando como a amizade pode surgir nos lugares mais improváveis.

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