Corvo Negro | Ann Cleeves

Um livro policial tem que me conquistar logo na sinopse. Se ela não me intrigar e entreter, provavelmente demorarei pra ler o livro e o farei com uma expectativa baixíssima. E esse, definitivamente, não é o caso de Corvo Negro.

A história começa a despertar a atenção no enredo. Na pequena cidade de Shetland, Catherine Ross é uma garota inteligente, discreta e apaixonada por filmes. Realiza um documentário sobre o local, adquirindo um conhecimento profundo sobre todos os moradores. Por isso, sabendo que o ancião Magnus Tait é extremamente solitário – após ser acusado de um crime sem provas – Catherine resolve, na noite de Ano Novo, fazer uma visita ao idoso, juntamente com a amiga Sally Henry.

Alguns dias após a visita, a garota volta a encontrar Magnus e o relacionamento dos dois se estreita. Porém, certo dia, é encontrada morta na colina onde o ancião vive. Entra em cena, então, Perez, o investigador de polícia e que começa a reunir provas, todas apontando para Magnus. Além disso, o filme realizado pela garota sobre a cidade é roubado. O investigador, então, deve descobrir o verdadeiro assassino e recuperar o documentário de Catherine – uma de suas últimas realizações.

Ann Cleeves, a autora, é fantástica. Ela possui os três poderes que considero essenciais para uma boa história policial se desenvolver: boa caracterização e aprofundamento dos personagens; excelente descrição de cenários; e narrativa empolgante, que consegue mesclar momentos tensos com explicações necessárias para o desenvolvimento da trama. Assim, pode-se dizer que o livro é um ótimo exemplo de narrativa policial, se igualando aos grandes nomes deste estilo na atualidade: Tess Gerritsen, Harlan Coben, David Baldacci, James Patterson.

Outro ponto positivo a ser ressaltado é a ótima alternação de narrativas, mudando o foco da história de acordo com o personagem em voga. É muito interessante ver, por exemplo, Magnus assistindo a investigação ocorrendo em sua colina ou os desdobramentos da investigação de Perez, que apesar de ser uma personagem pouco carismático, chama a atenção pelas suas ótimas cenas.

Só há um ponto que me desagradou e que é algo extremamente particular. Cleeves se detém muito em cenários. Shetland é descrita com exaustão ao decorrer das 350 páginas. Assim, a autora acaba extrapolando a necessidade de descrição numa narrativa policial. Ela poderia ser menos exagerada e, logo, menos enfadonha.

Enfim, Corvo Negro é um ótimo livro para os que gostam de narrativas policiais intensas, intrigantes e que exigem uma participação ativa do leitor. E assim, a autora acaba se destacando neste universo literário, colocando seu nome num patamar muito próximo aos mestres da ficção policial.

Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.