Fique Onde Está e Então Corra | John Boyne

Havia um bom tempo que eu não lia algum livro do tipo dramático que te faz chorar. Não que eu não goste do gênero, muito pelo contrário, só não tive a oportunidade de me identificar com uma obra desse tipo que me chamasse a atenção em meio a diversos thrillers e distopias que estão na mídia atualmente e que têm tomado todo meu tempo destinado à leitura. Mas, quando fiquei sabendo que a editora Seguinte estava lançando mais um livro do incrível John Boyne, autor de O Menino do Pijama Listrado e O Ladrão do Tempo, não perdi tempo e já pedi o meu exemplar. Com pouco mais de 200 páginas e com um título curioso, Fique Onde Está e Então Corra me prendeu logo em sua sinopse.

Narrado por Alfie Summerfield, um garoto de apenas 4 anos de idade, filho de pais muito simples e de vida humilde, a família mora em uma pequena vila em Londres onde as pessoas vivem em harmonia e trabalham o máximo que podem para terem o que comer e vestir. Georgie, pai de Alfie, trabalha como entregador de leite, e a mãe, Margie, ajuda nas despesas costurando para fora, além de cuidar de Alfie e da casa.

É ano 1914 e dia de aniversário na casa dos Summerfield: Alfie está fazendo 5 anos e já se considera um homem. A festa estava pronta, havia muita comida e bebida, porém os adultos estavam completamente preocupados e seus amigos nem puderam comparecer para comemorar. Ele não sabia o que estava acontecendo, nem mesmo sabia o motivo para tanto alvoroço. Até que seu pai aparece na porta da casa fardado para a guerra, vestido para a morte, e Alfie percebe que as coisas não serão as mesmas até o Natal. A Primeira Guerra Mundial havia eclodido.

Dentre todas as emoções que o nosso corpo pode sentir existe uma que é bem comum sentirmos enquanto lemos livros dramáticos atuais: a melancolia. O fato de estarmos expostos a algo que nos deixa tristes e com um aperto no peito, abre nossa mente à reflexão sobre como fomos, somos e seremos. Neste livro, eu me senti muito próximo daquilo que estava lendo, o que me fez virar as páginas com pesar, como se eu estivesse carregando um pedaço do sofrimento que aquela guerra trouxe aos nossos antepassados e, principalmente, ao Alfie.

A narração através do ponto de vista do menino é o que mais chama atenção na história e se desenvolve com maestria da primeira à última página. John Boyne consegue transpassar muito bem o que uma criança pensa sobre algo que, para ela, não existe e nem tem nome: a guerra. Toda confusão e conflito que envolvem o período Primeira Guerra Mundial transformam a cabeça do garoto num turbilhão de dúvidas e faz com que Alfie, através de sua fonte de curiosidade, corra atrás de informações sobre o paradeiro de seu pai e o mundo.
Não é fácil ambientar uma história na história do mundo e ainda deixar uma mensagem incrível sobre isto. O autor nos mostra que os acontecimentos históricos marcam eternamente o mundo e as pessoas que vivem nele. Eis o melhor de todos os John's com mais um livro incrível!

Cristiam Oliveira

22 anos, se formou em administração mas gosta mesmo de comunicação. Tem uma paixão enorme por cinema e adora, sobretudo, os livros. É muito organizado, calmo, chato e grudento; se apega muito fácil às pessoas que gosta e, às vezes, é extrovertido. Adora mudar e criar coisas; é muito curioso e persistente em tudo que faz. Gosta de cachorro mas prefere gatinhos (inclusive tem dois!).