O livro A Esperança, terceiro da
trilogia Jogos Vorazes, foi
a aposta mais arriscada de Suzanne Collins quando escreveu a série. Afinal, a
obra saía completamente do que os leitores estavam acostumados com os outros dois
volumes: não haveria mais a arena e os jogos em questão. No lugar disso, uma verdadeira
revolução nos Distritos, que se voltam contra a Capital. O livro, em minha opinião,
teve alguns pontos positivos e outros negativos, mas convenceu e acabou se tornando o melhor dos três. E por isso, minha expectativa
em relação ao último filme aumentou – principalmente quando foi anunciado que
seria dividido em duas partes.
Assim, o filme que inicia o final
da franquia mostra Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) após ser resgatada da
arena pelos rebeldes. Está assustada, é claro. Não consegue entender, de imediato, o que está
acontecendo: Peeta (Josh Hutcherson) está em poder do Presidente
Snow (Donald Sutherland) e o clima do Distrito 13, onde está refugiada, não é o
dos melhores, apesar da esperança reinar dentre as pessoas ali presentes.
Após se orientar e conseguir
enxergar o que está se passando ali, Katniss acaba aceitando ser o símbolo
da revolução, gravando vídeos e declarações a serem transmitidos, incitando
pessoas a provocarem suas revoluções, diminuindo o poder do Presidente. Tudo isso é orquestrado pela Alma Coin
(Julianne Moore), líder do Distrito 13; e por Plutarch Heavensbee (Philip
Seymour Hoffman), ex-braço direito de Snow. Tudo isso com o auxílio – emocional, inclusive – de Haymitch
(Woody Harrelson), Effie (Elizabeth Banks), Prim (Willow Shields), Johanna
(Jena Malone) e Gale (Liam Hemsworth).
O que se deve destacar,
inicialmente, são as atuações. Jennifer Lawrence tem sua melhor atuação na
franquia. Consegue criar a garota corajosa, mas que está assustada e sem
compreender muito bem o impacto de sua imagem. Josh Hutcherson tem o momento
alto de sua carreira. Apesar de aparecer pouco, surpreende nas cenas e causa um
forte impacto. Com certeza, escreveu seu futuro como ator.
Além disso, os coadjuvantes
conseguem forte destaque. Elizabeth Banks também tem sua melhor atuação na
trama, desta vez sem os penteados glamorosos e roupas extravagantes. É mais ela
mesma e isso faz com que sua personagem tenha um upgrade na história. Juliana Moore, estreando como Coin, está
segura, apesar de não surpreender. Donald Sutherland dá vida a um Presidente
Snow extremamente cruel e amedrontador. Está impecável, como sempre. Porém, a
alma dentre os coadjuvantes está com Philip Seymour Hoffman. O ator, que faleceu este ano, o peso de seu
personagem, aliado à atuação bem colocada, dá vida a um Plutarch preciso e necessário. A
cada cena em que aparecia, meu coração doía ao saber que não haveria mais
Hoffman em outros filmes.
Outro ponto positivo é a ótima
ambientação. Toda a extravagância vista nos outros dois longas é esquecida
aqui. O luxo da Capital, neste momento, permanece longe da realidade do
Distrito 13. Tudo isso é muito bem feito e deixa a experiência cinematográfica ainda
mais interessante ao submergir o público no complexo Distrito liderado por Coin. Além disso, as cenas de ação, apesar de raras, são bem
pontuadas e realizadas, muitas vezes causando desespero no espectador.
Porém, o ponto alto do filme é a
tensão política que o diretor Francis Lawrence e o roteiro conseguem transmitir
ao espectador. Todo o clima que os personagens sentem é passado a quem está
assistindo – seja por diálogos, reviravoltas no roteiro e até mesmo
trilha sonora. Trilha sonora, aliás, muito bem produzida. A canção cantada por
Katniss é belíssima e mostra o canto como outro grande talento de Lawrence. E o
roteiro não tem medo de causar reviravoltas na trama, colocar personagens
principais em situações delicadas e arriscar em algumas cenas. E isso acaba elevando
muito o nível do longa e que prepara o ambiente para um ótimo desfecho.
O desenvolvimento psicológico também é melhor aproveitado. Todos os personagens – quer eles sejam
principais ou coadjuvantes – conseguem maior espaço no roteiro e se tornam mais
profundos em suas existências. Katniss dá um salto e mostra a verdadeira face da personagem.
Plutarch, Snow, Coin, Gale e Effie também recebem mais atenção e os desenvolvimentos
deles são bem feitos.
Jogos Vorazes: A Esperança –
Parte 1, porém, ainda possui alguns pontos negativos. Momentos e cenas
desnecessárias, que com certeza foram acrescentadas para justificar a divisão em
duas partes do último livro; alguns clichês momentâneos e a subutilização de
alguns atores, como Woody Harrelson e Stanley Tucci. Além disso, quando o filme
parece estar tirando o ar do espectador para dar um grande fôlego para a
história, ele acaba. A tensão política, tão bem posta no filme inteiro, é cortada.
Todos esses problemas, com certeza, teriam sido resolvidos se A Esperança fosse algo só. Um filme
apenas, talvez com três horas de duração. Ele acaba não se justificando quando
termina. Preparou o terreno para o seguinte, mas não convenceu de sua
necessidade. Ficou a dúvida de se era preciso contar tudo isso antes – mesmo
com tantos pontos positivos – ou se foi apenas uma maneira de ganhar mais
dinheiro com a franquia.
Enfim, Jogos Vorazes: A Esperança –
Parte 1 não se justifica na sua existência por enquanto, mas ainda assim é um ótimo
filme. Atuações que variam entre boas e impecáveis, roteiro bem delimitado e
causador de um efeito bom no espectador, direção e trilha sonora bem pontuadas
e um clima político muito bem colocado. Com certeza, uma franquia juvenil que
mostra sua importância, diferente de muitas outras que aparecem por aí. E agora
a esperança e a ansiedade aumentam com a continuação – que mostrará, de fato, se Jogos
Vorazes: A Esperança – Parte 1 foi necessário e, principalmente, se o diretor conseguirá trazer todo o clima criado neste de volta. Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 2 tem previsão para estrear em 20 de Novembro de 2015.
MUUUUUUUUUITO BOM!!!!
ResponderExcluirSó vou assistir todos quando um dia ler todos os livros, quando um dia eu comprar todos os livros. heheuueheuheu
ResponderExcluirSó assisti o primeiro filme até hoje e faz bastante tempo, já até esqueci como é.
Acredito que o que atrapalhou na série e fez com que várias opiniões se dividissem foi a maneira escrita (em primeira pessoa) utilizada pela Suzane Collins. Principalmente neste terceiro volume, no que concerne à narrativa, se viu um tanto quanto parada. As adaptações não pecaram em fazer como em "Crepúsculo" e manter o foco na personagem principal, narrando sempre o enredo, A Esperança Parte 1 trouxe uma maneira diferente de trabalhar as adaptações para o cinema. Não houve nenhum momento em que fiquei entediado, e muito pelo contrário, as cenas que eram monótonas e desnecessárias nos livros, se não cortadas, nos filmes elas foram desenvolvidas para trabalhar melhor personagens, dando mais espaço ao que está acontecendo no país, na revolução e também na mente, não apenas da Katniss mas também de todos os outros personagens envolvidos, Finnick, Effie.
ResponderExcluirUm ponto positivo vai para a "humanização" da personagem Coin que foi magnificamente interpretada pela atriz Juliane More que deu um show de atuação.