Para Onde Ela Foi | Gayle Forman

*Atenção! Há spoilers do livro "Se Eu Ficar" e de Titanic. Sim, de Titanic. Confira a resenha de "Se Eu Ficar" clicando aqui

Quando eu soube que Se Eu Ficar ia ganhar uma continuação, fiquei indignado. Como assim? Há histórias que “continuar” não é uma boa ideia. Imagine uma continuação de Titanic, depois que o Jack já morreu e a Rose ficou lá de boa pendurada na porta. Não! Seria muito estranho. Ok, no final de Se Eu Ficar estão todos vivos e ninguém está montado em uma porta. Mas, o embasamento espírita de estar fora do corpo só funcionaria enquanto Mia Hall está em coma e, no final do primeiro livro, ela já não está mais. Ou seja, quando fiquei sabendo que Para Onde Ela Foi de Gayle Forman seria publicado, eu só consegui pensar uma coisa: Vai acontecer outro acidente! Sinto informar para os pessimistas como eu que não, não aconteceu outro acidente. Mas, aconteceu algo tão surpreendente quanto: a continuação funcionou e é até melhor que o primeiro. 
Dessa vez, Adam Wilde (o namoradinho de Mia) é o protagonista e narrador da continuação. Três anos depois que Mia saiu do hospital, foi para a faculdade e eles não se falaram mais, Adam se tornou um típico badass. A banda ficou famosa e, com a fama, veio o estereótipo de um artista que não sabe lidar com ela. Adam está viciado em cigarro e remédios, é brigado com todos os outros músicos e grita com jornalistas. 
Ao ficar um fim de semana em Nova York, ele decide fazer algo que não fez por três anos: ir atrás de Mia. A garota está tão famosa quanto ele, sendo referência no mundo da música clássica por conta das suas habilidades com o violoncelo. Mas, agora ela é uma garota calada, fechada em seu próprio mundo e deixa que as notas do violoncelo exprimam o que ela tanto reprime desde que se recuperou do acidente. 
Todo o livro gira em torno do reencontro. Não só o reencontro de Adam com Mia, mas também o reencontro dos personagens consigo mesmo. Como o garoto vai deixar de ser o Wilde Man para voltar a ser o sensível músico apaixonado do primeiro livro. Como Mia vai deixar de lado os traumas e saber trabalhar com lembranças. 
Como “continuação”, Para onde ela foi é um livro falho. Os personagens e relacionamentos estão completamente diferentes – o que, para mim, alimenta o meu argumento na crítica do primeiro livro de que os personagens e as relações não são bem construídas – e estão desestruturados além do comum. Os acontecimentos do livro anterior são retomados em poucos momentos, apesar de terem deixado algumas cicatrizes no contexto. 
Apesar disso, a elaboração da história evoluiu. O apelo emocional é deixado de lado e a escrita perde alguns aspectos infantis que incomodaram muito em Se Eu Ficar. Os personagens estão bem mais maduros e, com isso, a narrativa também está. Para Onde Ela Foi consegue representar uma história sobre reencontro, sobre lembranças, sobre luto e sobre maturidade. Um bom caminho para onde Se Eu Ficar foi. 


Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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2 comentários:

  1. Dependendo do que eu achar de Se eu ficar, talvez eu leia esse.. Mas a lista de leitura ta grande.

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  2. Eu preciso ler esse livro, estou evitando ao maximo spoilers, já li Se eu ficar entao preciso comprar esse

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