Maze Runner: Prova de Fogo | James Dashner

*Atenção! Há spoilers do livro/filme “Maze Runner – Correr ou Morrer”.

O grande diferencial da saga “Maze Runner” das demais histórias é que ela mostra um experimento sob a ótica de um rato de laboratório. Por isso, não é de se surpreender que as respostas do emaranhado de perguntas não sejam tão claras. Não é necessário explicar a um rato o porquê dele precisa estar lá, ele só precisa... estar, certo? Se os personagens principais da saga já foram destratados em Correr ou Morrer entre os muros do labirinto, em Prova de Fogo isso acontece em dobro. Nem o sol, nem a chuva, nem o CRUEL e muito menos o autor, James Dashner, dão uma trégua aos protagonistas. 
O livro começa logo após o fim de “Correr ou Morrer”, quando Thomas e os colegas estão hospedados em um local aparentemente confortável. Teresa desaparece no dia seguinte e os garotos são informados de que estão confinados antes que seja dada a largada para a segunda fase dos experimentos. 
Com um número menor de Clareanos, o autor acerta em dois pontos: a construção dos personagens é melhor, já que no primeiro livro eles eram muito parecidos - o perfil meio rude e autoritário ao mesmo tempo, sem perder a oportunidade de fazer comentários ácidos. No segundo, ficam claros aspectos mais individuais, como o lado mais gozador de Minho, ou até mesmo o espírito de justiceiro de Newt. O outro ponto que Dashner mandou bem é na humanização dos personagens. Eles estão bem mais sensíveis neste livro, as emoções e impressões vindo à tona em diversos momentos. 
Cada personagem começa a lutar por objetivos que, em alguns momentos, são individuais. Isso fica muito claro com as ações de Teresa. A personagem, apesar das poucas aparições, transforma completamente sua forma de pensar e agir porque está focada em um objetivo muito diferente dos outros Clareanos. Acho muito difícil fechar esse livro sem ter sentido, pelo menos, uma pontinha de raiva dela (eu senti MUITA!). Mas, todas as ações da garota são justificáveis e ela não age sem propósito – mesmo que os propósitos sejam fracos. 
Não são só os personagens que têm uma sensibilidade muito grande. Os “vilões”, também! Em Prova de Fogo, Thomas não encara verdugos, mas encara cranks. São seres humanos que foram infectados pela doença Fulgor e estão no estágio final, chamado Insanidade. Eles estão completamente fora de si, com instintos canibais à flor da pele. O combate entre os protagonistas e os cranks é muito mais interessante do que as lutas contra os verdugos, porque os cranks são “ex-humanos”, logo a disputa coloca em questão os próprios valores dos personagens. Matar um crank é matar um ser humano e será que eles são capazes disso? 
Tudo isso e mais um pouco é o que enche as páginas de Prova de Fogo de uma ação frenética, uma disputa após a outra, uma correria desenfreada e muito – muito! – desespero. Mas, não espere que o  segundo livro vá responder os “porquês” que acumulamos no primeiro. As perguntas continuam no ar, o livro foca muito mais na ação. Espero que os próximos livros respondam as dúvidas. Caso contrário, vamos sair de um labirinto para entrar em outro de perguntas sem respostas.




Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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5 comentários:

  1. Tou muito afim do box desses livros, cara, parece ser fodaa.

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  2. Li os 3 livros da série em inglês e vou ler o quarto (The Kill Order). The Maze Runner é a melhor série de livros que li até hoje *-* e o final da história e absolutamente FODA!
    Mas o filme... fiquei DECEPCIONADISSIMO, mudaram MUITA coisa :(

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  3. Dou nota 10 para o ritmo do livro, seguindo a receita do anterior e também do sucessor (A Cura Mortal), achei que o Prova de fogo continuou sensacional. Falho nas descrições e em alguns momentos a narrativa parece se perder, mas acho que o James Dashner conseguiu trabalhar todos os elementos, e ainda um pouco melhor do que em Correr ou Morrer, explorando mais a ambientação e trabalhando os personagens de forma que seu desenvolvimento faz com que nós, leitores, nos aproximemos e nos afeiçoamos a eles.
    A nota do Índice X é mais do que justa e a resenha está simplesmente incrível.

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  4. Tenho que discordar da parte que "a tradução foi bem feita", não, não foi.
    Em inglês, a doença se chama e chamada de "The Flare" que poderia ser traduzido como "A chama".
    Mas principalmente a tradução da organização de WICKED para CRUEL.
    No livro em inglês, WICKED é uma sigla para "World In Catastrophe: Killzone Experiment Department", não sei como ficou no livro (ou se a informação é contada), mas a sigla de WICKED é um fato muito importante na história.

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  5. Cara, a tradução não precisa ser fiel, e também é necessária que seja feita adequações culturais e morfológicas, eu acredito que o trabalho ficou muito bom e acabou rendendo uma iniciação cientifica sobre as escolhas tradutórias da obra para o meu TCC em Letras - Tradutor Intérprete.
    Entendo o que quis dizer, já li a série em ambos os idiomas e isso só me fez ressaltar o lance das adequações "The Flare" "Griever" "Gladers" "WIKED" "Berg", acho que ficaram bem empregadas e apoio as escolhas do Henrique Monteiro.
    É claro que a tradução está longe de ser PERFEITA, mas confesso que como tradutor, o trabalho de trazer uma obra literária de um idioma para o outro não é nem um pouco fácil e escolhas devem ser feitas quando há encruzilhadas como esta. Algumas exaltam o tradutor, outras acabam com carreiras (e com as obras também), mas são um mal necessário. ^_^

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