O Presente do Meu Grande Amor


O Natal é uma época marcada por filmes incríveis e memoráveis – alguns mais memoráveis do que incríveis – como o famoso “O Grinch” ou “Meu Papai é Noel”. Este ano, decidi experimentar algo que nunca tinha feito antes: ler um livro sobre o Natal. Comecei a ler O Presente do Meu Grande Amor, um livro que reúne doze contos natalinos. Sei que parece lindo, mas não é bem assim. O clima natalino é deixado de lado muitas vezes e o que compõe as páginas é, na verdade, uma junção de dramas e romances adolescentes que já acompanhamos antes e depois do Papai Noel chegar.
O livro, no geral, não é ruim. Como todo livro de contos, é formado por altos e baixos. Não dá para esperar que todos colaborem com as expectativas, mas também não estima-se que todos sejam péssimos. Entre os doze autores estão Gayle Forman, escritora de “Se Eu Ficar”, Rainbow Rowell, de “Fangirl” e Holly Black, de “A Menina mais Fria de Coldtown”.
Meu conto preferido foi “Anjos na Neve” de Matt de la Peña. Conta a história de um rapaz que está sem dinheiro para voltar para a casa no feriado, mas fica hospedado no apartamento ultrachique de seu chefe que foi tirar umas férias. Durante a estadia, ele conhece uma garota que não conseguiu comprar passagem para celebrar o natal com o namorado e a família. A pequena ceia entre eles mostra que algo grande pode crescer ali.
Há, também, algumas outras histórias que seguem uma temática interessante. A da escritora Kiersten White, acontece no restaurante de uma cidade pequena chamada Christmas. Uma outra, de Jenny Han, conta sobre uma menina que foi viver com o Papai Noel e os elfos. E outra, de Stephanie Perkins, que narra o romance de uma animadora com um jovem vendedor de árvores de Natal. 


O problema principal não são os contos. Eles, no geral, são bem escritos, estruturados e até engraçadinhos. O que incomoda é como o livro foge da proposta principal, uma vez que alguns contos sequer mencionam o natal. A maioria deles segue o mesmo enredo: um menino e uma menina (no caso de “Papai Noel por um dia”, de David Levithan, são dois meninos) que se conhecem e trocam diálogos ácidos, tiradas geniais e indiretas até perceberem a química entre eles. A diferença é que, em “O Presente do Meu Grande Amor”, há uma árvore de natal enfeitando o cenário onde o casal conversa. Mas, claro, sem generalizar! Também há contos que seguem uma linha mais original, como a pequena distopia natalina de Laini Taylor
Acredito que o natal sendo representado por casais românticos não é uma falha do livro, mas sim uma proposta de visão diferenciada: o amor como uma representação do natal. Isso não acontece com grande intensidade em muitos dos contos, mas nota-se que a intenção principal do livro é essa. 
Talvez a melhor forma de ler O Presente do Meu Grande Amor seja aos poucos. Leia um conto, dê um tempo, leia outro. Caso contrário, as semelhanças entre as histórias começam a se tornar frequentes e o livro pode parecer maçante e até clichê. Confesso que respirei de alívio quando cheguei ao último conto, mas ainda assim este livro me proporcionou uma experiência inovadora do tal “espírito natalino”.


Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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1 comentários:

  1. Adoro livro de contos, e gostei desse, comprarei com certeza. Passaria direto pela capa, mas a resenha me chamou atenção. hehe

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