 Até semana passada, tinha certeza
absoluta de que Boyhood, de Richard
Linklater, seria o grande vencedor do Oscar 2015. Porém, após as premiações dos
sindicatos, minha certeza se voltou para Birdman. Com a direção de Iñarritu,
mexicano responsável por clássicos como Babel
e 21 Gramas, o filme possui um
tom ácido em seu roteiro, atuações memoráveis e uma técnica de filmagem poucas
vezes vista. Um filme que pode não agradar todos, mas que entrará para os
clássicos do cinema.
Até semana passada, tinha certeza
absoluta de que Boyhood, de Richard
Linklater, seria o grande vencedor do Oscar 2015. Porém, após as premiações dos
sindicatos, minha certeza se voltou para Birdman. Com a direção de Iñarritu,
mexicano responsável por clássicos como Babel
e 21 Gramas, o filme possui um
tom ácido em seu roteiro, atuações memoráveis e uma técnica de filmagem poucas
vezes vista. Um filme que pode não agradar todos, mas que entrará para os
clássicos do cinema.
Antes de tudo, um esclarecimento:
Michael Keaton, o ator principal do longa e que está excelente aqui, já
encarnou o Batman nos cinemas. E foi um sucesso. Porém, após o segundo filme do
homem-morcego, Keaton desistiu do personagem e entrou num ostracismo
profissional gigantesco. Há anos não fazia nada de peso, só participando de
produções sem peso algum. E o que isso tem a ver com o filme? Tudo.
O personagem principal de Birdman
é Riggan Thomson, um ator que durante anos interpretou o super-herói que
leva o nome do filme. Porém, sua carreira foi por água abaixo após a recusa de
continuar interpretando Birdman. E agora ele tenta montar uma peça baseada em
sua vida para se reerguer profissionalmente. Sim, leitor: é a vida de Keaton
escancarada e interpretada nas telas. E é essa a grande sacada do roteiro.
E essa sensação de que a vida
imita a arte também se prolonga com o personagem de Edward Norton, um dos
atores da peça de Thomson. Conhecido por ser um ator muito chato e cheio de
exigências, Norton possui um personagem idêntico no filme. Ele faz o que bem
entende na peça de Thomson e isso dá ao público uma atuação muito singular por
parte dele.
E o restante dos atores também
está bem. Emma Stone faz a filha de Thomson e possui uma ou duas cenas em que
tem espaço para trabalhar a personagem. E Naomi Watts e Zach Galifianakis,
produtor e amigo do personagem de Keaton, possuem atuações regulares.
Porém, apesar do roteiro
interessante e as boas atuações, o grande diferencial do filme de Iñarritu é o
método de filmagem. Assim como numa peça de teatro, o filme parece ser filmado
em apenas um take, como se não existissem cortes. Apesar deles existirem, isso
não tira o brilho da técnica, que teve de utilizar cenas longas e uma edição
fantástica.
Só que essa técnica de take
único, apesar de brilhante, também é o calcanhar de Aquiles do filme. Em
determinado momento durante as duas horas de projeção, o espectador se cansa. A
ilusão de que é uma cena só causa uma forte sensação claustrofóbica e um tanto
quanto desesperadora. Impossível saber se era essa a ideia de Iñarritu, mas
acabou por não ser tão positiva num espectro geral.
Outro ponto que incomodou foi a demasiada
necessidade crítica do roteiro. Ao invés de focar principalmente na liquidez da
fama, através do personagem de Keaton, dezenas de outras coisas entram na mira
do filme. O papel do crítico, problemas mentais, fragilidade na relação pai e
filho, relações amorosas conflitantes. Essas situações acabam embolando e
aumentando o cansaço que comentei acima.
Enfim, Birdman é um bom filme.
Possui boas atuações, um argumento de roteiro muito interessante e uma direção
ousada e original. Porém, peca por querer falar sobre mais coisas do que a
história permite e pelo cansaço gerado. É um filme que entrará para a história
do cinema, mas que, a meu ver, não mereceria levar o Oscar de Melhor Filme como
vem sendo especulado. Agora é esperar para ver.
 

 
Eu não tinha ouvido falar nesse filme até ele ser indicado ao Oscar, parece ser bem diferente e interessante, vou procurar assisti-lo.
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