Como já disse na resenha de Cartas de Amor aos Mortos, não sou fã de
livros escritos em estilo diário. O método narrativo me irrita um pouco e
sinto, na maioria das vezes, que muito é perdido através deste recurso. E isso
se confirma um pouco em A Vida Como Ela Era. Ao contrário de
Cartas, a história de Susan possui
alguns problemas devido ao estilo diário e alguns outros problemas narrativos
surgem. Porém, o livro é um ótimo começo para uma série que promete boas
continuações.
A história proposta é instigante:
Miranda é uma garota de 16 anos que está vendo o mundo entrar em colapso após um
meteoro atingir a Lua, alterando a órbita do satélite natural. As marés mudam,
vulcões surgem, a água e a comida acabam, os serviços de comunicação –
internet, rádio, TV, telefone – começam
a sumir e a sociedade se individualiza, deixando cada um por si. E Miranda, sua mãe, seus dois irmãos e a vizinha idosa, tentam sobreviver
nesta sociedade apocalíptica.
A personagem de Miranda é muito
bem construída ao longo da narrativa. Apesar de algumas de suas características
serem jogadas logo no começo, a maioria delas vai se mostrando conforme a
garota vai passando por dificuldades ou tentando enfrentar seus medos e
desejos. Além disso, é bonito ver na escrita de Susan a construção moral de
Miranda e sua maturidade evoluindo conforme há necessidade.
Dentre os personagens coadjuvantes,
o irmão mais velho, o pai e a madrasta são os únicos que não impressionam. A
falta de importância narrativa do pai e da madrasta é mais aceitável, já que
aparecem bem pouco. Porém, o irmão Matt está presente em 2/3 do livro e, mesmo
assim, não conseguiu criar empatia. Do outro lado está a mãe, o irmão
mais novo e a vizinha. A mãe tem caraterísticas bem pontuadas, o irmão mais
novo consegue chamar a atenção em algumas cenas e a vizinha, mesmo aparecendo
pouco, cria uma forte empatia.
Porém, o que consegue ser o ponto
forte do livro é o bom encadeamento de acontecimentos. As coisas não acontecem
de uma vez – como a maioria dos livros apocalípticos. Elas vão sendo pontuadas
pela autora e isso vai dando ao leitor uma forte sensação de enclausuramento e,
principalmente, imersão na trama. Essa imersão, aliás, só não consegue ir além
por causa do estilo no qual o livro é escrito.
A escolha de narrativa em forma
de diário até que é plausível: dá proximidade ao personagem de Miranda. Porém,
isso acaba limitando a visão dos fatos. Mesmo se o livro fosse escrito em
primeira pessoa – sem ser diário – isso poderia ser corrigido. A obra apocalíptica
acaba sendo narrada sem um outro tipo de estofo narrativo e prejudica um pouco.
Só que, interessantemente, duas
coisas me incomodaram mais que o diário: o par romântico de Miranda e a
madrasta grávida. O primeiro pelo motivo de não ter sentido algum. É um romance
que começa de forma pouco natural, extremamente mal colocado e sem graça
alguma. E ele se desenrola da mesma maneira. Foi só um artificio da autora para
incluir romance na história e encher um pouco mais as páginas.
Quanto à gravidez da madrasta,
anunciada nas primeiras páginas, é por ter sido muito mal aproveitada. Talvez
justamente por ser um diário, não foi possível sentir o que o pai e a madrasta
de Miranda estavam passando. E a ideia é ótima! Uma grávida numa sociedade que
pode sucumbir a qualquer instante. Uma ideia boa desperdiçada.
Entretanto, o diário, o romance e
a gravidez mal aproveitada não fazem com que A vida como ela era se
torne um livro ruim. Ele é bom. Tem boas ideias, uma boa escrita, uma ótima
personagem principal e um excelente encadeamento de acontecimentos. É um bom
começo para uma série que deve durar – no mínimo – mais três obras. Aguardo com
ansiedade o lançamento Os vivos e os
mortos, o próximo volume.
Olá!!!
ResponderExcluirBom, confesso que a premissa do livro não me chamou a atenção, mas embora você não curta o estilo de como é escrito eu já até curto hahaha.
Ainda não li carta de amor aos mortos (Escrito em cartas), mas acho a ideia bacana. Também irei gostar desse que é escrito numa forma semelhante, mas o livro não me prendeu mesmo :/
Abraços
www.gemices.com.br
Eu curto livros escritos em forma de diário. E adoro livros que tratam do apocalipse! A história parece ser ótima. Mais um que entra pra minha lista!
ResponderExcluirGosto muito de livros apocalípticos e com certeza vou ler este! Achei sua resenha ótima e apesar você não gostar do tipo da escrita do livro você transmitiu os sentimentos que uma pessoa que gosta deste tipo de escrita sentiria. Julguei o livro pela capa e pensei que não iria gostar da resenha... Estava enganado... Adorei a resenha e coloquei o livro na minha wish list. Obrigado por sempre dar a oportunidade para todos nós de conhecermos novos livros. Adoro o Índice.
ResponderExcluirDormi só na sinopse zZz, tenho vontade de ler Carta de amor aos mortos, já esse eu não gostei, e curto o formato diário, :3
ResponderExcluirSua resenha está muito boa. Mas a história não me pegou de primeira. Eu gosto de livros diários, estou lendo no momento 'Diário de Anne Frank'.
ResponderExcluirMas eu achei a premissa um tantinho sem graça. Não sei. Tenho outras prioridades no momento, então vou deixar esse livro para outra ocasião. rs
Beijos,
Carol
Oi Matheus!! nossa quando vi o titulo do livro eu pensei esse livro e mtoo fofooo kkkk nunca imaginaria que seria assim com essa historia,apesar que eu devia ja ter percebido pela a capa kkkk mais parece ser um livro bom, bem interessante os assuntos abordados os personagens me dxaram bem curiosa.. mtoo boa a resenha bjoos..
ResponderExcluirOla o livro tinha me chamado mta atençao mais parece que nao era tao o que eu imaginava, Mai Miranda passou um sufoco danado em.. tem que ser mto forte e com certeza a pessoa vai amadurecendo msm conforme as dificuldades.. o livro nao deve ser ruim num todo nao haha.. mto legal a resenha bjoos..
ResponderExcluir