Livro: A Garota no Trem, de Paula Hawkings

Normalmente, passo batido por aquelas frases clichês nas capas de livros que pegam um trecho aleatório de um resenha ou de uma declaração de algum escritor. Com A Garota no Trem, porém, o caso é diferente. Ao olhar a contracapa, me deparei com a seguinte colocação: "Eu simplesmente não conseguia largar o livro."

Apesar de simples e banal, a frase foi dita pela única escritora que me faz ficar acordado por toda a noite: Tess Gerritsen. Quis o livro na hora. Queria saber quem fazia minha escritora de noites insones não largar um livro. Sobre o que é aquele livro? Quem são os personagens? Quem escreveu?

Bom, a obra, em um primeiro momento, já impressiona. Vejo, logo nas primeiras páginas, que é tudo muito original: Rachel, uma garota com problemas com álcool e depressão, pega todo dia um trem. Ao pegar esse trem, ela passa por uma casa que abriga um casal. Sem saber muita coisa sobre eles, a garota começa a imaginar os nomes, idades, rotina e outros hábitos do marido e mulher. Aos poucos, esse exercício imaginativo vira um obsessão.

Tudo piora, porém, quando Rachel descobre que a esposa em questão é dada como desaparecida alguns dias depois de vê-la no quintal da casa aos beijos com um desconhecido. Querendo ajudar com o desaparecimento, ela começa a palpitar na investigação - chamando a atenção dos policiais - e a ter um contato maior com o marido, afim de ajudá-lo a superar a suposta perda.

Enfim, temos nosso livro. A história, no começo, causa estranhamento. A autora Paula Hawkins divide tudo por períodos do dia (manhã, tarde, noite), criando pequenas cápsulas temporais de narrativa. Não é fácil acostumar. Afinal, é uma escrita que mistura a fórmula de diário com thriller. Apesar de estranho, é um formato muito original e criativo. Ponto para a coragem da autora.

O ponto alto de toda a obra de Hawkins, entretanto, é o desenvolvimento da garota no trem, Rachel. Toda sua estrutura psicológica é muito bem construída e elaborada, tendo toques de Garota Exemplar e Lugares Escuros. Os problemas envolvendo o ex-marido, por exemplo, são peça fundamental nesta elaboração de personagem. Ajuda a compreender toda a dor, sofrimento e angústia que Rachel está passando.

A conclusão de toda história também impressiona. A autora consegue criar um cenário inimaginável e que surpreende muito o leitor. É intenso e muito dramático - num bom sentido, claro. É um daqueles finais que faz prender a respiração e que faz pensar nele por muitos e muitos dias.

Aliás, os direitos da obra já foram vendidos para a DreamWorks e um filme já está a caminho.

Enfim, A Garota no Trem é um ótimo thriller. Original, bem elaborado e com acontecimentos surpreendentes, ele irá agradar aos fãs de Gillian Flynn, Stephen King, Cara Hoffman e Jo Nesbo. Só que se prepare! Como dito por Gerritsen, é impossível largar o livro.

Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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