O tema morte é algo que atrai e ao mesmo tempo assusta as pessoas. Queremos saber o que há do “outro lado”, mas não queremos ir para lá, fazendo de tudo para prolongar nossa estadia no mundo dos vivos. Confissões do Crematório é praticamente a biografia de Caitlin Doughty, uma youtuber havaiana.
Com oito anos, quando estava no shopping, ela viu uma garotinha cair do andar acima de cabeça no chão. Foi o primeiro contato que Caitlin teve com a morte e aquilo a marcou muito, a ponto de ela ter alguns transtornos. Decidida a superar esse trauma, ela começa a trabalhar em um crematório para aprender a lidar melhor com a morte.
A escritora descreve tudo sem pudores. É algo realmente chocante e ao mesmo tempo natural. Alguns capítulos vão revirar sua barriga, mas também vão te fazer pensar muito sobre sua vida e, claro, sobre sua morte. O livro não fica só no assunto metafórico e espiritual, na verdade ele foca bastante na questão do cadáver e como as famílias lidam com isso. Embalsamar? Cremar? Enterrar? Comer (sim, eca)? O que as diversas culturas fazem? Qual a melhor opção? Foi baseado nisso que ela criou um canal no youtube (o Ask a Mortician) para falar e criticar a indústria da morte.
Caitlin, além de trabalhar no crematório, posteriormente fez faculdade de funerária e criou um grupo de estudos relacionados a morte (The Order of the God Death).
Você percebe que ela não é mais uma youtuber tentando vender livros sem conteúdo e sim que ela domina muito bem o assunto que fala. Apesar de nova, ela tem muita experiência e opinião para compartilhar.
Você termina o livro não com a sensação de que nunca mais temerá a morte, mas a sensação de que pode aprender a aceitá-la.
A edição da DarkSide, como sempre, é impecavelmente linda. A ilustração da capa é sensacional! A adaptação do título para o português sintetizou bem do que se trata o livro, dá para ver que optaram por algo mais direto do que o título em inglês “Smoke Gets in your Eyes” (Seus olhos ficam esfumaçados). Para você ter uma ideia, quem trabalho no crematório vive cheio de cinzas porque vive retirando o que sobrou dos corpos dos fornos. Em um momento no livro, Caitlin até comenta que
tem a sensação que tem cinzas até nos seus olhos. Provavelmente é daí que vem o título original do livro e também da música do The Platters.
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