Os 13 Porquês | Jay Asher

Misture uma narrativa a La John Green, com um suspense de leve e algumas – treze, por que não? – doses de sadismo e, pronto! Aí está o livro Os 13 Porquês, de Jay Asher. A história começa quando Clay abre a porta de casa e encontra um pacote destinado a ele mesmo, depositado sobre o tapete e sem nenhum endereço de remetente. Abre e encontra sete fitas, daquelas antigas mesmo, com os lados enumerados de 1 a 13. 
O pacote fica mais pesado quando ele descobre o que aquelas fitas contêm. São as últimas palavras de Hannah Baker, uma jovem que havia cometido suicídio duas semanas atrás e, também, uma das paixões de Clay. Ela narra os motivos para ter se matado e aponta, em cada gravação, um culpado para aquilo. A ideia principal da jovem suicida é que as fitas rodem entre os culpados para que eles tenham conhecimento do impacto que suas atitudes tiveram sobre a vida – ou a morte – dela. Sendo assim, Clay é um dos culpados. Deve ouvir as fitas e passar para o próximo personagem da lista. Caso não fosse passada a frente, uma cópia das fitas viria à tona. Sádica, não? Mas, afinal, existe um suicida não-sádico? 
É importante saber que Clay não é o personagem principal da história. Ele é uma ponte entre o leitor e as gravações. Ele é quem faz os comentários extras, esclarece uma questão ou outra, se justifica, concorda e discorda. Mas, de fato, qualquer outro culpado nas treze fitas pode fazer isso. A principal é Hannah. Os porquês são da Hannah. Se ela estiver mentindo ou não, pouco importa. Você e Clay estão ouvindo o que ela tem para dizer e ponto. 
Não tem ação, não tem porrada e o romance é bem panorâmico. É um livro diferente criado para deixar o leitor angustiado e se perguntar qual o impacto que as pessoas causam umas nas outras. Como uma ação que pode parecer pequena, quando se junta às outras milhões de ações pequenas se torna uma gigante. 
Caso você leia o livro e fique pensando, assim como eu, em quase todos os momentos “mas ela não precisava fazer isso!”, “por que ela fez isso, então?”, “ela nunca escuta os outros”, “nossa, que tempestade em copo d’água”, não significa, de forma alguma, que o livro seja ruim. Significa que o livro te envolveu. E mais, já serve como um beliscão para que o leitor perceba que aquilo que pode ser uma coisa ridícula para ele, pode significar o mundo para outra pessoa. Ou seja, é preciso pensar duas vezes antes de fazer qualquer coisa, mesmo que pequena, contra outra pessoa. Sendo assim, Os 13 Porquês é um reflexo e crítica às realidades e desafios que muitos adolescentes sofrem e causam no seu dia-a-dia ou nos de outras pessoas.

Rafael Palone

20 anos, é jornalista o tempo todo e Superman nas horas vagas. Potterhead, filho de Hermes, tributo, cinéfilo, membro da erudição, coldplayer, palmeirense, fanático por super-heróis, entre outros. Sabe tocar piano, teclado e campainha. Gosta de escrever e seu maior sonho é entrar no cinema para ver a adaptação de um livro por ele escrito.

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3 comentários:

  1. Eu to simplesmente louco pra ler esse livro, parece ser tão intenso e angustiante

    Abraços
    http://des-construindooverbo.blogspot.com.br

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  2. Simplesmente um dos melhores livros que já li, envolvente e cativante, compreende o que o depressivo/suicida pensa, dos abandonos e pedidos silenciosos. MAS, não tem absolutamente nada nada haver com a narrativa de John Green (felizmente). Bem como O diário de Anne Frank e As vantagens de ser invisível, um dos melhore que já li (e não foram poucos).

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  3. Gostei do livro, uma história simples e trágica. Eu ficava torcendo pra Hannah de alguma forma estar viva, já que o Clay foi uma parte boa da história dela...

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