Livro: Blackbird - A Fuga, de Anna Carey

Você considera que ultimamente perder a memória tem se tornado algo muito comum no mundo dos livros. Você já conhece diversas histórias que possuem personagens com esta característica, indo de Game of Thrones (Bran Stark) a Maze Runner (Thomas). Você, de fato, reconhece que este é um ótimo gancho para manter o suspense e criar expectativas, desde que seja bem abordado. Assim como sabe que em Blackbird - A Fuga, lançamento de junho da editora V&R,  Anna Carey soube muito bem o que fazer: juntou a aventura e aquela dose de ação que a atual geração tanto gosta e criou Sunny – ou, pelo menos, talvez este seja o nome dela – uma garota de (mais uma vez, talvez) 16 ou 17 anos, que acorda nos trilhos de um trem em um bairro de Los Angeles. Você não sabe por que ela está lá e nem mesmo sabe como ela foi parar lá. Você também não sabe quantos anos ela tem, o que faz da vida ou o que já fez anteriormente. Você sabe que ela tem cabelos pretos, uma mochila com um canivete dentro e uma tatuagem no pulso em que está escrito FNV02198 abaixo de um pássaro negro. Você não sabe onde ela mora e muito menos pra onde ela deve ir. Você sabe que ela está sendo perseguida por pessoas estranhas. Você sabe que ela está correndo perigo.

Você também está achando engraçado escrever sobre este livro em segunda pessoa, assim como Anna Carey faz disso uma brincadeira em Blackbird.
O modo como a autora escreve e descreve os acontecimentos é interessante e diferente. De início, você fica confuso e acha um pouco estranho - assim como você estava confuso por estar lendo o início deste texto, em segunda pessoa. É exatamente desta forma que o livro é escrito, e de maneira nenhuma prejudica o desenvolvimento da trama. A perda de memória da personagem principal é um fator chave para alimentar o suspense do enredo. “Sunny” não se lembra de nada, e começa a se recordar aos poucos dos acontecimentos que antecederam sua aparição nos trilhos do trem. Mas, este não é o maior dos problemas. A garota de cabelos negros está perdida em Los Angeles, sendo perseguida por pessoas estranhas sem motivo aparente. Logo, fica claro que essas pessoas querem dela algo que ninguém quer pra si próprio: a morte. Sem saber o motivo, ela busca explicações que podem ser dolorosas demais para suportar ou dolorosas demais para vencer. A questão agora é descobrir quem é a caça ou o caçador.
O livro é objetivo e tem um ritmo gostoso de ler, mas deixa a desejar na quantidade de páginas. Ao meu ver, a história passou tão rápido que eu queria muito ter as continuações em mãos pra saber logo qual seria o desfecho da série. A dose de suspense chega a ser muito maior do que os livros infanto-juvenis atuais e se desdobra numa boa pitada de ação e mistério. A escrita, como citei anteriormente, é mais um ponto positivo pro desenrolar dos acasos. Os capítulos descritos por “Sunny” são contados em segunda pessoa, enquanto que as partes de outros personagens são em terceira. Tudo isso nos traz uma bela obra que pretende chamar a atenção dos distopimaníacos da atualidade e que, com certeza, ainda irá surpreender os leitores com suas sequências que estão por vir.

Você acredita no futuro, na sua família, mas não se recorda do seu passado.
Você acredita que o pássaro negro não mata e nem morre.
Você acredita em muitas coisas...
Você acredita... apenas acredita.

Cristiam Oliveira

22 anos, se formou em administração mas gosta mesmo de comunicação. Tem uma paixão enorme por cinema e adora, sobretudo, os livros. É muito organizado, calmo, chato e grudento; se apega muito fácil às pessoas que gosta e, às vezes, é extrovertido. Adora mudar e criar coisas; é muito curioso e persistente em tudo que faz. Gosta de cachorro mas prefere gatinhos (inclusive tem dois!).

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