Livro: Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie

Há um tempo, escrevi um post falando sobre a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que vem chamando a atenção não somente por suas palestras no TED como também pelos seus livros. O primeiro que tive contato foi o “Sejamos todos feministas”, que era a transcrição de uma de suas palestras. Porém eu estava louca mesmo para ler seus livros de história e decidi começar por Hibisco Roxo.
O único contato que tive com a Nigéria, apesar de vago, foi com o livro “Pequena Abelha” de Chris Cleave. Por mais que o livro tenha sido muito bom, é muito diferente ler algo do ponto de vista de um americano comparado a uma história de alguém que realmente é nigeriano. Estamos acostumados a ver a cultura africana como um todo, como uma cultura só, sendo que há diversas. A Nigéria, assim como outros países africanos, tem suas peculiaridades e sua própria cultura – que muitas vezes, lembra um pouco a brasileira. Também é um ledo engano nosso, acreditar que só existe miséria lá. 
Em Hibisco Roxo, somos apresentados a uma família rica da Nigéria. Kambili, a narradora, nos conta sobre o seu dia-a-dia e as pessoas com quem convive. O destaque vai para o seu pai, Eugene, um fanático cristão, o qual, espanca seus filhos e sua esposa caso “saiam da linha”, mas por outro lado doa grande parte do seu dinheiro para as pessoas pobres. Totalmente dualista, você não sabe se ele é um homem bom ou doentio.
Kambili e seu irmão, Jaja, tem tudo que querem: uma casa enorme, comida farta, estudam em uma ótima escola. Porém, não possuem a liberdade de pensar e agir. Seu pai controla tudo que fazem, estipulando horário para estudo, até para se alimentarem. Qualquer desobediência é motivo para castigos perversos, seguido de desculpas e abraços do pai, alegando que está fazendo o melhor que pode por eles. Sua mãe, Beatrice, também sofre calada como mãe submissa. Eugene também ignora o próprio pai, Papa-Nnukwu, por ser um pagão e seguir costumes antigos.
A mudança só passa a acontecer, quando Kambili e Jaja passam alguns dias na casa de sua tia Ifeoma e com seus três primos: Amaka, uma garota, Obiora e Chima, os garotos. Ifeoma, por ser professora universitária é questionadora e lutadora. Dotada de uma personalidade forte e contagiante, ela estimula seus filhos a serem do mesmo jeito. Kambili percebe, que apesar da pobreza deles, eles são muito mais felizes. É a partir disso que ela começa a se questionar e precisar aprender a ser “feliz”.
O livro é muito gostoso de ler e tem tanta riqueza de detalhe, que você se sente parte da história. Quando terminei, senti falta de tudo que aconteceu na cidade de Nsukka, da risada de tia Ifeoma, das músicas que Amaka ouvia, dos questionamentos de Obiora, das brincadeiras de Chima. E é, claro, como se esquecer do Padre Amadi? O amor platônico de Kambili, é o contrário do pai dela. Apesar de sua fé, não usa isso como desculpa para machucar as pessoas. Com seu jeito humilde e carismático, ele cativa a todos mesclando a religião católica com a cultura local.
Por mais que o livro apresente alguns conflitos políticos da Nigéria, é difícil entender o que se passa lá, pois não é o enfoque do livro. Vale a pena uma pesquisa para entender mais. O único ponto negativo foi o desfecho, achei fraco em relação a força que o resto da história tem. Mesmo assim, ele não acaba com toda a história incrível que Chimamanda nos trouxe.


Danielly Stefanie

21 anos, formada em Publicidade. Não sabe se gosta mais de escrever ou de desenhar. Não sabe se tem mais medo da tela em branco do Word ou do Photoshop. Lê praticamente qualquer tipo de livro. É apaixonada por cultura japonesa, faz aulas de japonês, pratica karatê e kobudo. Sem falar todas os animes que assiste. Um dia vai trabalhar no Studio Ghibli (só não sabe se será desenhando ou escrevendo).

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