Filme: Ex Machina

O cinema já teve uma boa dose de filmes que retratam robôs tomando o controle da sociedade através da inteligência artificial. Começou com o clássico Blade Runner - O Caçador de Androides lá em 1982. Desde então, já tivemos O Exterminador do Futuro, A.I. - Inteligência Artificial, Matrix, Eu, Robô. Mais recentemente, aliás, estreou o Chappie, que decepcionou e mostrou uma história um tanto quanto blasé.
Assim, comecei a assistir Ex Machina um tanto quanto desconfiado. Afinal, a história parecia um pouco mais do mesmo. Caleb (Domhnall Gleeson) é um programador de computadores que ganha um concurso na empresa onde trabalha — uma espécie de Google — para passar uma semana confinado na casa de Nathan Bateman (Oscar Isaac), o inteligente e recluso presidente da companhia.
O jovem, porém, começa a perceber que foi o escolhido, na verdade, para participar de um teste com a última criação de Nathan: Ava (Alicia Vikander), uma robô com inteligência artificial e com um corpo muito semelhante ao de uma pessoa normal. A relação entre Caleb e a robô, então, começa a se transformar e a se complicar.
Antes de qualquer coisa, um comentário sobre o elenco. Oscar Isaac, Domhnall Gleeson e Alicia Vikander integram o que há de melhor no cinema atual, em minha opinião. Além de boas escolhas na carreira, a atuação do trio é excelente. Isaac se transforma de maneira incrível. Demorei muito para notar que era ele em Ex Machina, e a atuação é como vista em O Ano Mais Violento ou Inside Llewin Davis: segura, confiante, direta.
Gleesom e Alicia ainda estão se firmando, mas não há mais nada para contestar. Após o excepcional Questão de Tempo e o bom Calvário, Gleesom marca, definitivamente, o sucesso de sua carreira com esse filme. Alicia, apesar d'O Sétimo Filho, também apresentou bons trabalhos, e não duvido de uma indicação ao Globo de Ouro ou, sendo muito positivo, ao Oscar por causa de Ex Machina.
Sobre o filme: é incrível, do começo ao fim. Diferentemente dos filmes de inteligência artificial mais recentes, ele não aposta em plots desnecessários ou cenas de ação incabíveis. Assim como Blade Runner, o filme consegue mexer com o psicológico do espectador ao não conseguir compreender, de fato, o que está se passando na tela.
A direção de Alex Garland é muito cuidadosa e bem feita. Surpreendente ser o primeiro filme de sua carreira. Entra na minha lista de possíveis novas promessas, ao lado de Damien Chazelle, de Whiplash. Além da direção, a trilha sonora e fotografia são cuidadosas e marcantes.
E o final é espetacular. As atuações e a situação deixa qualquer espectador surpreso, indignado. Impossível ficar impassível com o que se passa na tela, apesar de ser um pouco previsível. Esta, aliás, é a única reclamação de todo o filme: este final, apesar de genial, poderia ter sido um pouco diferente, causando surpresa no público. Bastava dar mais atenção à Nathan nos acontecimentos finais.
Enfim, Ex Machina é um ótimo filme sobre inteligência artificial, robôs e o cuidado que deve ser tomado com o avanço da tecnologia, que pode acabar se desenvolvendo mais do que os próprios criadores.



Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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