Assim, comecei a assistir Ex Machina um tanto quanto desconfiado. Afinal, a história parecia um pouco mais do mesmo. Caleb (Domhnall Gleeson) é um programador de computadores que ganha um concurso na empresa onde trabalha — uma espécie de Google — para passar uma semana confinado na casa de Nathan Bateman (Oscar Isaac), o inteligente e recluso presidente da companhia.
O jovem, porém, começa a perceber que foi o escolhido, na verdade, para participar de um teste com a última criação de Nathan: Ava (Alicia Vikander), uma robô com inteligência artificial e com um corpo muito semelhante ao de uma pessoa normal. A relação entre Caleb e a robô, então, começa a se transformar e a se complicar.
Antes de qualquer coisa, um comentário sobre o elenco. Oscar Isaac, Domhnall Gleeson e Alicia Vikander integram o que há de melhor no cinema atual, em minha opinião. Além de boas escolhas na carreira, a atuação do trio é excelente. Isaac se transforma de maneira incrível. Demorei muito para notar que era ele em Ex Machina, e a atuação é como vista em O Ano Mais Violento ou Inside Llewin Davis: segura, confiante, direta.
Gleesom e Alicia ainda estão se firmando, mas não há mais nada para contestar. Após o excepcional Questão de Tempo e o bom Calvário, Gleesom marca, definitivamente, o sucesso de sua carreira com esse filme. Alicia, apesar d'O Sétimo Filho, também apresentou bons trabalhos, e não duvido de uma indicação ao Globo de Ouro ou, sendo muito positivo, ao Oscar por causa de Ex Machina.
Sobre o filme: é incrível, do começo ao fim. Diferentemente dos filmes de inteligência artificial mais recentes, ele não aposta em plots desnecessários ou cenas de ação incabíveis. Assim como Blade Runner, o filme consegue mexer com o psicológico do espectador ao não conseguir compreender, de fato, o que está se passando na tela.
A direção de Alex Garland é muito cuidadosa e bem feita. Surpreendente ser o primeiro filme de sua carreira. Entra na minha lista de possíveis novas promessas, ao lado de Damien Chazelle, de Whiplash. Além da direção, a trilha sonora e fotografia são cuidadosas e marcantes.
E o final é espetacular. As atuações e a situação deixa qualquer espectador surpreso, indignado. Impossível ficar impassível com o que se passa na tela, apesar de ser um pouco previsível. Esta, aliás, é a única reclamação de todo o filme: este final, apesar de genial, poderia ter sido um pouco diferente, causando surpresa no público. Bastava dar mais atenção à Nathan nos acontecimentos finais.
Enfim, Ex Machina é um ótimo filme sobre inteligência artificial, robôs e o cuidado que deve ser tomado com o avanço da tecnologia, que pode acabar se desenvolvendo mais do que os próprios criadores.
0 comentários:
Postar um comentário