Livro: As Espiãs do Dia D, de Ken Follett

Já disse várias vezes em resenhas aqui no Índice X e repito: Ken Follett é um gênio. O que foi feito na trilogia O Século — composta por Queda de Gigantes, Inverno do Mundo e Eternidade por um Fio — estão em uma lista particular de melhores livros da minha vida. Sem dúvidas.
E agora a editora Arqueiro relança As Espiãs do Dia Dbest-seller de enorme sucesso de Follett lançado em 2001. O livro — assim como quase todas as obras do autor britânico — é uma história fictícia baseada em acontecimentos reais. Nesta, Follett narra um acontecimento pouco conhecido do Dia D: espiãs do grupo dos Aliados precisam invadir a França, dominada por Hitler, para interromper a comunicação telefônica das tropas nazistas.
Surpreendentemente, o começo do livro é um tanto quanto insuportável. A descrição cinematográfica, tão bem dosada na trilogia d'O Século e no ótimo Buraco da Agulha, por exemplo, é extremamente exagerada. Tal qual Tolkien, no clássico O Senhor dos Anéis, cada detalhe é minimamente detalhado, mesmo sem necessidade.
Ao se passar as primeiras páginas, porém, o ritmo engrena após uma cena de ação explosiva e que deixa a tarefa de largar o livro difícil. A personagem principal Felicity Clairet, oficial do exército inglês, é muito bem construída e representa com singularidade a força das mulheres em uma época em que ainda eram extremamente descriminadas.
E assim como a maioria dos outros romances de Follett, todo o trabalho de construção histórica é fantástico. O trabalho de pesquisa realizado pelo autor é algo fora do normal. Algo difícil de ser visto na literatura atual.
Além do começo lento, Espiãs do Dia D, infelizmente, também apresenta uma outra falha: cenas de ação impossíveis. Em alguns momentos, sentia como se estivesse num filme de Identidade Bourne ou Missão Impossível. Follett falha e não consegue passar a verossimilhança vista em outras de suas obras.
Enfim, As Espiãs do Dia D ainda é um livro acima da média se comparado com a literatura com bases históricas atuais. Comparado com os outros livros de Follett, porém, esta mostra ser a obra mais fraca do autor britânico. Apesar da narrativa eletrizante, da ótima personagem principal e do ótimo detalhamento histórico, Follett erra no exagero das cenas de ação e tem um começo fraco, podendo comprometer a continuidade da leitura de alguns leitores que desistem fácil.


Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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