Livro: Léxico, de Max Barry

Uma mistura de Kingsman, 007 e Harry Potter. É assim que eu descreveria Léxico, em um primeiro momento. A história é bem criativa: uma organização — que mais parece uma escola — treina jovens talentosos para controlar a mente e o comportamento das pessoas usando combinações específicas de palavras.

Entre eles, está Emily Ruff, uma garota que ganhava a vida com truques de cartas nas ruas, mas que acaba sendo enviada para o treinamento e começa a aprender a técnica letal por meio das palavras. Quando os líderes da instituição descobrem que ela está se envolvendo com outro aluno, Emily recebe uma missão aterrorizante e as coisas começam a ficar mais sombrias.

Enquanto isso, o autor vai também desenvolvendo a história de Wil Parke, um carpinteiro que sofre de amnésia. Ele é sequestrado — sem saber o motivo — por dois agentes, que acabaram de matar sua namorada. O motivo? Eles estavam desesperados para impedir que um membro da organização, de codinome Virginia Woolf, cause uma grande destruição.

Bem, temos nossa história. O começo é extremamente misterioso. O leitor é jogado na história, sem saber o que está acontecendo. Tanto quanto Emily ou Wil, a surpresa invade as páginas e só resta ler mais para descobrir o que está acontecendo de fato. Isso, então, acaba dando um ritmo frenético ao livro. Se transformado em filme, as cenas de ação seriam incríveis.

Nota-se logo no começo, também, que o autor optou por narrar os acontecimentos em dois momentos distintos. Um acontecendo em uma espécie de presente e outro em um passado um pouco distante. Apesar de confundir muito no começo, a estrutura se mostra acertada com o decorrer da história.

Devido ao ritmo frenético já citado
, outras duas coisas acabam surgindo no entremeio da história. A primeira — e que é positiva — se refere aos acontecimentos rápidos e surpreendentes. Em uma página, está de um jeito. Na outra, já muda tudo. Isso oferece um dinamismo incrível ao livro.

A outra coisa que surge com o ritmo frenético — mas que não é nem um pouco boa — é o raso desenvolvimento dos personagens. Apesar de ter bons diálogos e algumas boas construções psicológicas, nada se desenvolve, de fato. Algumas reviravoltas de comportamento beiram o ridículo.  E os personagens só chegam no quase. Wil quase interessa o leitor, Emily quase assusta.

Além disso, o apelido dos personagens me irritou. Colocar nomes de poetas reais nas pessoas que tem o domínio da palavra acaba beirando o infantil, apesar do livro se manter longe deste público. Apesar de ser algo um tanto que insignificante, poderia ter sido diferente. E melhor.

A escrita de Barry, o ritmo frenética e surpreendente e a originalidade da história, porém, acabam escondendo um pouco esses defeitos. A qualidade do livro, então, não cai. Ela se mantém e Léxico consegue se manter como um bom livro de ficção. Agora, só aguardar alguma adaptação cinematográfica. É uma obra feita para isso.


Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

    Comentários do Blogger
    Comentários do Facebook

2 comentários:

  1. Eu estava criando altas expectativas quanto a esse livro, pois eu tenho uma paixão por histórias que mexem com o psicológico. E depois de sua resenha, embora tenha os pontos negativos, me deu mais vontade ainda de ler.

    ResponderExcluir
  2. Boa resenha, e com o que li, realmente daria um bom livro. Por mais interessante que seja, acho que não superados minhas expectativas, vou colocar em meio a minha lista, mas não seria prioridade.

    ResponderExcluir