No livro de Meg, o planeta Terra foi criado por um Deus adolescente. A diferença é que, neste caso, o que destaca o protagonista não é o fato dele ser adolescente, mas sim ele ser um babaca. Ele é preguiçoso (criou um planeta inteiro em seis dias e ainda foi dormir no sétimo!), punheteiro, grosseiro e mimado. Ele tem, inclusive, um nome bobo: Bob.
Desta maneira, o livro traz uma reflexão singela e positiva para a história: será que a justificativa para tantas guerras e para os seres humanos serem criaturas tão destrutivas e complicadas não é que fomos criados de maneira ordinária?
Mas não é nisso que a história foca. Bob, enquanto está dormindo, ouve a oração de uma garota chamada Lucy que quer se apaixonar. Ao ver o rosto dela, ele mesmo se voluntaria e a história gira em torno do romance de Deus e de Lucy. É curioso o fato que a "perdição" de Deus seja por uma garota com este nome - tão parecido com Lúcifer. Mas, conforme a história se desenrola, percebemos que não passa de uma coincidência.
O amor é representado de maneira complexa. Conforme Bob vai se apaixonando por Lucy, vão ocorrendo milhares de tempestades e surtos meteorológicos ao redor do mundo. Tsunamis, tempestades de neves, enchentes, furacões, milhares de pessoas morrendo... Temos, então, uma controvérsia interessante: o amor sendo representado por tragédia.
Alguns recursos estéticos também deixam a desejar. A narrativa fica perdida entre os personagens, um narrador onisciente que entra na cabeça e lê os pensamentos de dez participantes de uma mesma cena. Não há um foco definido nas cenas, o que deixa o leitor completamente perdido entre pensamentos vagos e uma profundidade muito rasa.
Um ponto positivo da história é como o estereótipo de adolescente que fundamenta o protagonista se relaciona com os acontecimentos da Bíblia. Essa comparação humaniza muitas partes do Livro Sagrado e torna a história minimamente engraçada em alguns pontos. Infelizmente, No Início, Não Havia Bob conta uma história de amor fraca com personagens chatos e narrativa ruim.
0 comentários:
Postar um comentário