Uma das coisas mais bizarras do mercado editorial brasileiro é a ordem de lançamentos dos livros da série de Myron Bolitar, do excelente autor Harlan Coben. Tal qual os filmes de Star Wars, o o último livro é lançado antes do intermediário. Aí o leitor, totalmente perdido no caos, acaba completando e compreendendo a totalidade da história aos poucos.
Segundo a Editora Arqueiro, tal confusão acontece pois os direitos dos livros para publicação no Brasil estão sendo adquiridos aos poucos, já que eles estão sob a posse de um outro grupo editorial. Ok, é plausível. Mas não deixa de ser bizarro.
Recém chegado às livrarias, Detalhe Final, por exemplo, é o sexto livro da série - que é composta por um total de dez. O último livro, Alta Tensão, foi publicado em 2011. Repito: 2011.
Neste "novo" livro, Bolitar resolve passar um tempo no Caribe, curtindo a praia, o sol e sua atual namorada. Enquanto isso, nos EUA, sua sócia na empresa MB representações é presa. A acusação? Segundo a polícia, ela assassinou um de seus clientes, um famoso jogador de basquete. Com tal situação, Myron tem que dar um jeito de resolver o problema, lidar com uma facção de criminosos que tenta roubar seus clientes e administrar problemas familiares e conjugais.
Como em qualquer livro de Coben, os personagens são bem escritos e o suspense permanece até a última página. Conhecido como o escritor das "noites em claro", Harlan faz jus ao apelido: cria uma série de reviravoltas e situações intensas com os personagens para que o leitor mantenha o interesse na obra. São tramas dignas de Conan Doyle e Agatha Christie. Claro, cada um na sua época e com o seu brilhantismo.
Win, o amigo sociopata de Bolitar, continua roubando a cena. Ele tem as melhores aparições e os melhores diálogos. Este último item, aliás, é o personagem central da obra de Coben. Apesar das reviravoltas representarem o escritor, a habilidade dele para criar diálogos ágeis e que deixam a pessoa dentro da história é incrível.
O único ponto fraco, talvez, seja a proximidade da história com o segundo livro da saga, Jogada Mortal. Nas duas obras um cliente de Myron é assassinado e ele tem que sair em busca do criminoso para limpar sua barra. A única diferença é que em Jogada o suspeito é um cliente de Bolitar. Neste novo, é a própria sócia.
Enfim, Detalhe Final é bem escrito, com bons personagens e um bom encadeamento de cenas e acontecimentos. Entretanto, com a ordem cronológica prejudicada e com o problema de histórias semelhantes, o livro acaba perdendo um pouco do brilhantismo visto em outras narrativas de Coben, como Quando ela se foi e O Preço da Vitória.
P.S.: leitores e fãs da série Myron Bolitar, comemorem! Agora só falta a Editora Arqueiro lançar os volumes Darkest Fear e A Promessa.
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