Surpreendente! possui essa capa linda azul e chamativa. Com um cuidado gráfico tão notável, decidi me aventurar nessa história em que o personagem principal é – parcialmente – cego. Queria ter um “ponto de vista” diferente e ver como seria a descrição de um personagem assim.
A história é sobre Pedro Diniz, um rapaz de 25 anos formado em Cinema que sonha em fazer um filme para ganhar o prêmio Cacau de Ouro. Super otimista, ele trabalha no último Cineclube de São Paulo e em uma locadora de vídeos, nos quais sempre tenta apresentar filmes que mudem a vida das pessoas. Pedro possui uma doença genética que o deixou apenas com 70% da sua visão central, um milagre, já que a tendência era que ele ficasse cego. Sua vida muda após uma série de eventos negativos, como: fechamento do Cineclube, violência urbana, brigas familiares e problemas de saúde. Isso faz com que ele embarque em uma viagem com seus amigos com o objetivo de finalmente fazer seu filme e quem sabe ganhar seu tão sonhado prêmio.
A sinopse do livro é muito bonita e ao ler você pensa que a história será daquelas de nos fazer pensar e rever como estamos levando a vida. Porém, achei tudo muito fraco. Tirando Pedro e o pai dele, todos os outros personagens do livro são mal trabalhados e sem personalidade. Tudo que acontece no livro parece forçado. A impressão que eu tenho é que Maurício Gomyde escreveu a história da mesma forma despretensiosa que Pedro fez o roteiro do seu filme. E o livro parece justamente um filme: clichê, previsível e exagerado.
Outro ponto negativo do livro é a personalidade de Pedro. Por mais que tenha sido bem mais trabalhada que a dos outros personagens, eu me esquecia várias vezes que ele tinha 25 anos e já tinha terminado a faculdade. A impressão é que ele tinha uns 17 anos ou ainda estava na escola. A sua “cegueira” também foi utilizada algumas vezes como metáfora – Pedro coleciona coisas de várias cores para não se esquecer delas e usa um colar com olho turco – mas, justamente por ser algo central e decisivo no livro, não foi bem trabalhado. Pedro é cineasta e parcialmente cego, a descrição da história poderia ter sido feita de maneira incrível, muito mais visual. Um exemplo é o livro Estilhaça-me, de Tahereh Mafi, a personagem principal não pode tocar nas pessoas e isso reflete totalmente na forma que ela descreve o mundo ao seu redor. É uma descrição surreal e convincente.
Surpreendente! decididamente não é surpreendente, tem um ar mais de “sessão da tarde”, daqueles livros que você lê mais para passar o tempo – a leitura é bem rápida – e se emocionar um pouquinho.
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