Não sou uma pessoa muito chegada livros com enfoque em romance. Gosto de livros de aventura com romance, ficção com romance, mas apenas romance nunca me agradou muito. Talvez seja o fato dos personagens principais e a histórias serem clichês ou pouco desenvolvida. De qualquer forma, Enquanto a Chuva Caía, da escritora brasileira Christine M., passa longe disso.
A história gira em torno do ponto de vistas de dois personagens: Marina e Erik. Marina tem 25 anos, já é viúva – perdeu seu marido, Adam, quando este foi trabalhar como médico em uma guerra – e é CEO da empresa de sua família nos Estados Unidos, assumindo o lugar do pai que está com Alzheimer. Sua vida é um redemoinho de emoções e tristeza por conta das suas perdas, a qual ela esconde atrás de uma personalidade forte e responsável. Em contrapartida, temos Erik, uma espécie de agente secreto/justiceiro no Brasil, o qual finaliza traficantes e criminosos. Após se meter em uma enrascada, ele acaba fugindo para os Estados Unidos e começa a trabalhar na empresa de Marina. É nesse momento que os personagens se conhecem e se apaixonam de maneira arrebatadora. Porém, os dois possuem uma vida cheia de segredos e traumas do passado.
No começo do livro, cada capítulo acaba intercalando pelo ponto de vista desses personagens – escritos em primeira pessoa –, porém, conforme a história vai avançando, a mudança de ponto de vista acaba acontecendo também durante os capítulos. Christine M., a escritora, consegue desenvolver os dois personagens de maneira incrível e humana. A personalidade dos dois é muito bem trabalhada, você se apega aos personagens. A história também é muito envolvente, por mais que foque no cotidiano deles.
Um ponto interessante no livro que pode ser positivo tanto quanto negativo é que a história em si não possui um grande clímax. Por mais o livro pareça ter um “quê” policial, é totalmente um romance. Christine trabalha muito bem o desenvolvimento amoroso dos personagens, de forma que não seja melosa nem irritante. Porém, mesmo com uma vida cheia de segredos e mistérios que podem arruinar esse relacionamento, em nenhum momento eu notei uma ameaça real. E é justamente isso que faz o livro não ter um clímax. A parte policial, do mistério, do segredo fica tão em segundo plano, que quando o livro termina, não teve nenhuma parte que deixa você com desespero e dúvida. O casal se “separa” pouquíssimas vezes durante a história. Isso acabou sendo positivo, porque não precisamos lidar tanto com personagens indecisos e lamuriantes como acontece em muitos romances, mas também não há aquela “torcida” toda que o leitor faz pelo final.
A maioria dos personagens secundários são planos, apenas James, o melhor amigo de Marina é bem mais desenvolvido. Ele também possui uma personalidade sensacional! Apesar de ser mulherengo, sempre está disposto a ajudar sua melhor amiga tanto na vida pessoal quanto na empresarial. As outras amigas e os pais de Marina e os parentes de Erik não são tão desenvolvidos, acabam ficando em segundo plano e muitas vezes mais ocupando espaço do que realmente tendo importância no desenvolver da história.
Enquanto a Chuva Caía é uma agradável surpresa, um romance brasileiro um tanto americanizado, mas com personagens muito reais.
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