As Virgens Suicidas

O filme Virgens Suicidas possui uma atmosfera toda encantadora – graças a Sofia Coppola –, a qual atraiu o interesse de dezenas de garotas, inclusive eu. Já faz muito tempo que assisti e não lembrava muito da história. A única coisa que me recordava era o fato de não ter conseguido absorver o que o filme passava e de não ter entendido o final. A sensação que eu fiquei é de que o mistério das cinco irmãs Lisbon continuava no ar mesmo após os créditos. Então, depois de anos, sabia que precisava ler o livro para entendê-las melhor. Mas, a verdade mesmo é: não espere explicações, a história não é sobre isso. 
Sinta-se mergulhado em um subúrbio dos Estados Unidos, na década de 70. Somos apresentados pelos garotos do bairro ao universo feminino das cinco irmãs Lisbon: Cecília, Lux, Bonnie, Mary e Therese. Todas se suicidaram uma após a outra, começando com Cecília, sem uma explicação plausível. Os garotos decidem pesquisar e entrevistar as pessoas do bairro para descobrir mais informações sobre elas. Esse é um dos poucos livros em que o narrador principal está no plural, ou seja, o tempo todo é usado “Nós”, em vez de eu. 


As Lisbon, ora são endeusada pelos meninos, ora são mostradas de forma extremamente humanas. Eles descrevem tanto o cotidiano delas e suas vivências que é quase como se você convivesse com essas meninas misteriosas. Os pais das meninas, principalmente a mãe, são bem católicos e controladores. A verdade é que o livro em nenhum momento vai te dar certeza do motivo dos suicídios, mas dava para notar que uma das causas podiam ser os pais que as impediam de viver. Particularmente, não achei o livro tão mórbido e triste – talvez mais para o final – e sim, que o escritor Jeffrey Eugenides tratou o tema morte e suicídio de uma maneira delicada. 

"O que você está fazendo aqui, meu bem? Você nem tem idade para saber o quanto a vida pode se tornar ruim'. 
(...) 'É óbvio, doutor', ela disse, ' você nunca foi uma menina de treze anos."

A narração é o ponto fortíssimo. Ao longo da história são apresentados dezenas de personagens que você não precisa decorar o nome, mas foram criados apenas para você entender como era a vida das Lisbon e do subúrbio. Na vida não esbarramos com várias pessoas, as quais convivem com a gente um longo tempo ou apenas um minuto? É mais ou menos isso que acontece no livro. Somos apresentados a vários personagens que tiveram algum contato com as Lisbon ou tinham alguma informação sobre elas. Não sei vocês, mas esse livro me pareceu mais recheado de vida do que de morte. 
As Virgens Suicidas é daquelas histórias calminhas sem clímax ou grandes reviravoltas, mas que faz você ficar viciado. Vale a pena também ver o filme que possui uma direção de arte lindíssima. E cuidado, acho difícil tirar as irmãs Lisbon da cabeça, mesmo depois de terminar o livro ou o filme.

Danielly Stefanie

21 anos, formada em Publicidade. Não sabe se gosta mais de escrever ou de desenhar. Não sabe se tem mais medo da tela em branco do Word ou do Photoshop. Lê praticamente qualquer tipo de livro. É apaixonada por cultura japonesa, faz aulas de japonês, pratica karatê e kobudo. Sem falar todas os animes que assiste. Um dia vai trabalhar no Studio Ghibli (só não sabe se será desenhando ou escrevendo).

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