Gosto muito de cultura asiática, especialmente a japonesa. Tenho pouco conhecimento da chinesa, mas sei que ela teve uma forte influência na Ásia, já que os seus caracteres, invenções e comidas foram importados para outros países, como o Japão. Foi sua cultura riquíssima que me fez ter vontade de ler A Noiva Fantasma, de Yangszee Choo.
A história se passa em 1893, em Malaia (uma região da Ásia, na época da colonização inglesa) e é sobre a jovem de dezoito anos Li Lan. Certa noite, seu pai comenta se ela gostaria de ser uma noiva fantasma, que é uma prática na qual, quando um homem morre solteiro, faz um casamento simbólico para acalmar seu espírito. A família de Li Lan já teve ótimas condições, mas acabou falindo e após a morte de sua mãe, seu pai tornou-se uma pessoa depressiva e viciada em ópio. Se ela casasse com o espírito de Tian Chin, o rapaz morto, ela teria uma vida segura já que ele vinha de uma família rica.
Tanto para ela quanto para o pai isso era uma má ideia, porém, Li Lan passa ter a sensação de estar sendo assombrada pelo espírito do rapaz morto, e é aí que começa uma viagem fantástica e sombria pelas lendas chinesas. Todas as histórias de infância que pareciam de irreais, tornam-se verdadeiras.
A narração de Yangszee Choo é simplesmente fantástica. Escrita em primeira pessoa, Li Lan explica de maneira detalhista os costumes de Malaia e a situação da região naquela época. Você se sente totalmente imerso em uma cultura diferente. O livro é dividido em quatro partes: Malaia – 1893, O Além, A Planície dos Mortos e Malaca. A partir da segunda parte, acompanhamos Li Lan por uma história digna de A Viagem de Chihiro (de 2001, do estúdio Ghibli), em que entendemos mais um pouco sobre as crenças chinesas sobre a morte, vida e purgatório. Você se deparará com vários personagens incríveis, tanto bons quanto maus, que enriquecerão a narrativa.
A edição do livro da Darkside é muito bonita. A capa é dura, com uma imagem linda e sombria de uma moça chinesa. No final do livro, há algumas explicações de alguns costumes chineses (eu acabei lendo eles antes de começar o livro, achei que ajudou mais a entender a história) e um tutorial de como fazer um tsuru, além de algumas páginas decoradas para você arrancar (ai que dor no coração) e fazer seu próprio. Mas, não entendi direito qual a lógica do Tsuru. Para quem não sabe, origami e a simbologia do tsuru são da cultura japonesa e não da chinesa (alguns alegam que por o papel ter sido criado na China, o origami possa ter vindo de lá, mas provavelmente não aconteceu. Essa arte surgiu no Japão mesmo). Isso foi um erro de pesquisa de quem fez o design do livro, pois em nenhum momento da história é falado sobre isso - e faz o total sentido justamente por não fazer parte desta cultura. Infelizmente, é um erro comum que acontece com muitos livros de cultura asiática, pois há essa mania ocidental de achar que é tudo a mesma coisa.
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