Em 12 de junho de 1994, num horário entre 22h e 23h, Nicole Brown Simpson e seu amigo Ronald Goldman foram assassinados. Os policiais que chegaram na cena do crime se assustaram com toda a violência do crime e, principalmente, com um fato: Nicole não era apenas uma moradora do subúrbio dos Estados Unidos. Ela era ex-esposa de O.J. Simpson, um dos astros do futebol americano.
Foi o caos. Em algumas horas, O.J. Simpson passou de astro do esporte para as páginas policiais dos jornais, sendo considerado o principal suspeito do crime que acabou com a vida de sua ex-esposa e de seu amigo. Era o fim da carreira do esportista e o início de um dos maiores julgamentos já vistos na da história dos EUA.
Se já não bastasse todas estas circunstâncias, duas outras coisas tornaram tudo ainda mais marcante: o julgamento virou um verdadeiro circo midiático. Era assunto de todas revistas, jornais e programas de TV. E o pior de tudo: motivados pela importância do acusado e pelo alcance na imprensa, advogados, promotores, policiais e júri aproveitaram o momento e transformaram todo o julgamento em um dos casos mais bizarros da história jurídica do mundo, em que a ideia de culpado e inocente é testada a todo o momento.
Com este prato cheio de histórias, o escritor e advogado Jeffrey Toobin se enveredou nesta história com o livro American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson. Nele, Toobin, que claramente tem a opinião de que O. J. é culpado, reconstrói todos os acontecimentos do crime e suas consequências. Tudo analisado de maneira metódica e detalhista.
Detalhes, aliás, são um dos pontos altos do livro. Toobin fez uma pesquisa imensurável para poder ter todos os detalhes possíveis do crime,julgamento e acontecimentos posteriores. É tudo tão bem escrito e detalhado, que o leitor se sente dentro dos acontecimentos, dentro da sala de julgamento, dentro do crime e da vida de O. J. É impecável.
Além disso, é surpreendente como a escrita de Toobin faz com que reviravoltas nos acontecimentos causem sensação de surpresa, mesmo já sabendo o que iria acontecer. Eu, por exemplo, sabia como o caso iria terminar. É um caso singular da história jurídica, coisa que sempre me despertou interesse. No entanto, me peguei surpreso com acontecimentos ao decorrer da história e que me faziam ter um questionamento de como tudo terminaria do jeito que terminou.
Vale ressaltar que a edição da DarkSide é magistral. Com uma capa maravilhosa e extremamente minimalista, consegue chamar a atenção de qualquer leitor. No miolo do livro, as várias fotos de todo o acontecimento também ajudam o leitor a ter uma noção de tudo o que aconteceu.
American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson fascina. Fascina pela clareza de detalhes que o autor passa; pela leitura rápida, apesar de densa; e, principalmente, pela excelente análise de tudo que acontece ao redor de O.J. Simpson e que, obviamente, influenciaram demais no resultado final do julgamento.
P.S.: existe uma série, chamada American Crime Story, que conta toda a história do julgamento. A diferença com o livro, além dos incontáveis detalhes que não estão presentes, é a imparcialidade da série. Desde o começo, ela assume um tom neutro, que é mantido até o final. No livro, por outro lado, há uma forte tendência para a culpa de O. J.
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O povo contra O.J. Simpson: os detalhes de um dos maiores julgamentos da história
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