Os Gêmeos | Pauline Alphen

Quem me conhece, sabe: não deixo livros pela metade. Não importa se esteja ruim. Livros são caixinhas de surpresas e podem mudar tudo no final – e se tornarem grandes livros. E foi isso o que pensei que aconteceria com Os Gêmeos. A leitura estava insuportável – personagens chatos, enredo monótono e diálogos risíveis. Mas fui adiante.

A história, num primeiro momento, é ótima. São dois irmãos gêmeos opostos: Claris é uma garota com uma alegria imensa, extremamente disposta a fazer de tudo e cheia de vida; já Jad é frágil, com problemas de saúde e pouca vitalidade. Porém, a vida dos dois tem um mistério pairando: a mãe sumiu de casa quando os gêmeos tinham apenas três anos. Isso acabou deixando o pai melancólico ao extremo e duas crianças que buscam resolver o mistério. Além disso, a história de Salincada – a cidade onde moram – e os mistérios que a cercam também acompanham a trama.
Porém, o mais interessante de tudo – e que era para ser a maior sacada do livro: a história se passa no século XXIII, apesar de ter ares de Idade Média. E isso acontece pois algo deu errado no passado e a tecnologia se foi e a sociedade regrediu. E isso, logo no começo, é colocado como um mistério.
Bom, a sinopse chama a atenção, apesar de fortes ares infanto-juvenis e até infantis. Porém, tudo começa a desmoronar logo no começo. A história se arrasta. Apesar da personalidade dos gêmeos agradar e até ser bem construída, os secundários, por outro lado, não convencem. Todos, com exceção de um ou outro, repetem suas ações e fica tudo muito chato. Pauline deve ter se dedicado tanto aos gêmeos que esqueceu que um bom livro tem bons coadjuvantes.
Aliás, Pauline consegue colocar um número exorbitante de personagens coadjuvantes. Talvez livros como Cem Anos de Solidão e Guerra dos Tronos, conhecidos por terem um número enorme de personagens, não cheguem aos pés de Os Gêmeos nesse quesito. São muitos. E diria que 2/3 são desnecessários. Não acrescentam em nada. Não influenciam a trama, não são dramáticos, não são engraçados. Só existem.
Outro ponto que num primeiro momento parecia promissor, mas não o foi: as histórias da cidade. O local não é bem ambientado, não há empatia e, em momento algum, senti vontade de conhecer mais sobre Salincada. Um erro, afinal, a história da cidade é um dos pontos principais da narrativa.
Só que o grande ponto negativo e que derruba o livro de vez é a pouca atenção dada ao fracasso da tecnologia. As explicações iam surgindo de maneira vaga e espaçada. Eram dezenas e dezenas de diálogos sobre coisas aleatórias e, no meio, algo sobre esse ponto -  que era para ser central na narrativa.
Além da falta de atrativos, a narrativa é péssima. Queria chegar ao final desesperadamente. A escrita cansa, não flui. Além disso, Pauline optou por escrever numa linha de tempo não linear. E isso deixou tudo ainda mais confuso, chato e pouco atrativo, já que para escrever desse modo, é necessário que o autor seja bom – coisa que ela comprovou, com esse livro, que não é.
Li algumas críticas dizendo que a falta de ritmo e atrativo é por este livro ser a introdução da saga (sim, o livro inicia uma série chamada Crônicas de Salincada e com dois livros até o momento). Mas isso é desculpa. Não é motivo para ser um livro tão sem propósito.

Enfim, Os Gêmeos é apenas um livro que pretende. Um livro que pretende ser a série Herdeiro, ser Harry Potter, ser Eragon, mas fica apenas nisso, na pretensão. Só não o considero péssimo por dois motivos: a boa construção dos personagens dos gêmeos e por talvez, repito, talvez, melhorar no livro seguinte. Mas, isso é um mistério e fica a cargo de você, leitor, decidir se deve ler a série de Pauline Alphen ou nem ir adiante.


Matheus Mans

20 anos, estudante de jornalismo. Leitor voraz de qualquer tipo de livro, cinéfilo de carteirinha e apaixonado por música brasileira. Não vive sem doses frequentes de Stephen King, Arnaldo Antunes, Wes Anderson, Woody Allen, Adoniran Barbosa, Neil Gaiman, Doctor Who, Star Wars e muitas outras coisas que permeiam sua vida.

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6 comentários:

  1. Nossa esse livro parece ser péssimo! Eu garanto que li a sinopse e pensei que era fantástico pura sorte que não comprei.

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  2. Capa horrível, história horrível, título que não chama atenção.
    Esse realmente é ruim em um todo, eu não o leria nem se vocês tivessem dito que é bom, porque a sinopse não me chamou atenção nem um pouco.. Historinha esquisita. huehue
    é foda quando perdemos tempo lendo algo ruim né.. Podendo tá lendo uma coisa boa, mas nunca dá pra adivinhar.

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  3. Não me animei nem um pouco para tentar ler. hahaha A capa foi uma péssima escolha também.
    E eu não curti o 'mistério' que você falou que o livro tenta colocar: do futuro ser o passado, ou algo parecido. Bom, não faria o meu tipo de leitura.
    Ainda bem que você já avisou e eu vou ler coisas mais interessantes .. rs
    Beijos,
    Carol

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  4. A capa tinha tudo para ficar legal, mas alguns elementos a estragaram.
    Não seria um livro que leria, até porque pelo que você disse é um livro que tenta chegar em uma grande obra, mas acaba caindo.
    Ainda bem que tem bons personagens, mas mesmo assim não lerei

    www.gemices.com.br

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  5. Eu diferente de você não consigo acabar um livro que acho ruim..eu até tento mas não consigo..depois de ler a resenha é certeza que vou passar bem longe desse ai..

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  6. Ola livros que contem mto personagem a gnt acaba se perdendo confundido tudoo.. e chato quando lemos um livro e nao e tudo akilo que pensamos ser.. mais eu aprendi que tudo tiramos proveito em alguma coisa, se vc leu e nao gostou da historia e tal em algum aspecto do livro vc tirou alguma coisa da sua vida entao nao foi tuma total perda de tempo, nao fiquem interessada em lê-lo..
    otima resenha bjos

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