A Mulher de 30 Anos | Honoré de Balzac

O primeiro livro de Balzac que tive contato foi Ilusões Perdidas. O livro extenso podia ser intimidante se não fosse uma viagem completa à Paris do século XIX, com enfoque no jornalismo e também nas gráficas da época. Foi assim, que Balzac me ganhou e fez-me ter mais vontade de ler seus outros livros, como é o caso de A Mulher de 30 Anos. Mais ou menos no segundo ano do Ensino Médio, nas aulas de literatura aprende-se sobre a escola literária chamada Realismo. Normalmente, os professores comentam que o principal precursor foi Gustave Flaubert com Madame Bovary, o qual se baseou bastante em A Mulher de 30 Anos
O livro de Balzac possui um pezinho no Romantismo e no Realismo, e conta a história de Julie, uma jovem que se apaixona por Victor d’Aiglemont, coronel do exército de Napoleão. O pai dela alertou-a que havia grandes chances de seu casamento ser infeliz, mas, ignorando-o, ela casa-se com o coronel. Como se seu pai fosse um vidente, Julie se desencanta com a vida sem-graça de uma esposa e torna-se uma mulher infeliz e doente. Seu humor só parece melhorar, quando conhece Arthur Grenville, por quem se apaixona. 
Madame Bovary ou Anna Karenina de Tolstói, os quais vieram depois, tem o enfoque na traição da mulher. Porém, em A Mulher de 30 Anos, achei que isso se perdeu um pouco, focando mais na vida inteira de Julie do que especificamente na traição – que aconteceu aos 30 anos. O livro é dividido em seis capítulos, os quais, muitas vezes parecem desconexos. A cada capítulo, a história vai dando um salto no tempo, o que deixa o leitor um tanto perdido e tentando entender o que acontecera. Ao longo do livro, o enfoque vai mudando de personagem, em um momento é em Julie, em outro capítulo é sua filha Helena, em outro é em seu marido Victor. Tem até um capítulo em primeira pessoa, o qual o escritor torna-se parte da história como observador. Isso se deve ao fato de que os capítulos na verdade eram contos e Balzac decidiu juntá-los. 
Porém, o livro é transgressor para a época e também muitíssimo inteligente. No século XIX, uma mulher de 30 anos era considerada velha, a qual devia cuidar da casa, dos filhos e do marido. Ao escrever o livro, o autor mostrou que esse destino não devia ser aceito e que ter 30 anos, ainda é ser jovem, bonita e também se pode amar. Há um mergulho completo nas frustações e tristezas de Julie – às vezes sendo um pouco enfadonho – que faz entender como vivia uma mulher em uma sociedade, a qual exigia a perfeição na maternidade e no casamento. Como se trata de Realismo, não espere uma história feliz, o enredo trata-se de uma crítica aos costumes da sociedade parisiense – assim como Ilusões Perdidas – e mostra a consequências de várias escolhas de Julie. 
Por ser um clássico da literatura e ter uma linguagem mais rebuscada, talvez não agrade a todos. Mas é um desses livros que é importante ser lido para entender o papel da mulher na sociedade.


Danielly Stefanie

21 anos, formada em Publicidade. Não sabe se gosta mais de escrever ou de desenhar. Não sabe se tem mais medo da tela em branco do Word ou do Photoshop. Lê praticamente qualquer tipo de livro. É apaixonada por cultura japonesa, faz aulas de japonês, pratica karatê e kobudo. Sem falar todas os animes que assiste. Um dia vai trabalhar no Studio Ghibli (só não sabe se será desenhando ou escrevendo).

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7 comentários:

  1. realmente um livro só por ser um clássico da literatura eu já nomeio como ruim acho q é um trauma de escola kkkkkk

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  2. O livro me pareceu clichê, porém não quer dizer que seja ruim. Eu adorei saber que ele aborda esse tema de que no passado a mulher com acima de 30 anos, era considerada velha. Isso acaba fazendo com que o leitor tenha um conhecimento maior da época!

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  3. Pra falar a verdade não me deu muita vontade de ler... mas acho que é pq não é o tipo de livro que eu costumo ler e normalmente nao me interessa muito. Mas eu preciso aprender a ler coisas diferentes... e também conhecer épocas diferentes, quem sabe um dia? Mas ja digo que no momento, ele não entra para a lista de leituras... Acho que tudo tem o seu momento :D

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  4. Hehe, realmente concordo com o povo, não deu vontade de ler mesmo, mas por ter romantismo e Realismo é até interessante...

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  5. Oi Dany,
    Sou muito dividida a respeito de classicos, gosto de José de Alencar e mais alguns. Mas, não me interessei por este não...
    Beijos <3

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  6. Ai não, clássico passo e repasso kkk
    Tenho muito preguiça de lê-los.

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  7. Esse livro deve ser chato, na minha humilde opinião e no meu humilde gosto, não curti.

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