Livro: Memória da Água, de Emmi Itäranta

Água. O bem mais precioso para nós, seres humanos. Você sabia disso?

Em Memória da Água, estamos num futuro bastante distante onde praticamente não há água doce e potável. A água que cai nos canos das famílias são dessalinizadas (ou seja, a água do mar passa por um processo em que se tira o sal da mesma) e é racionada diariamente. Uma pessoa pode utilizar aproximadamente dois cantis de água por dia (aproximadamente quatro litros de água). Um cantil de água dessanilizada vale muito. Um cantil de água de uma nascente vale ouro.
E, dentro dessa sociedade existem os mestres de chá, pessoas que vivem uma tradição ancestral que depende da água: a especialidade em chá. Os convidados adentram à casa de chá com uma reverência, provam o chá, comentam o sabor e o aroma do mesmo, e saem com agradecimentos. E tudo isso parece comum para nós e principalmente para Noria, filha de um mestre de chá. Mas, além dos segredos da tradição de sua família, seu pai esconde algo que pode trazer muitos problemas: a água utilizada para o chá vem de uma nascente muito próxima, um lugar que não existe e ainda não é conhecido pela polícia. Noria sabe que esconder água pode trazer consequências. Sabe também que esconder uma nascente pode trazer a morte.
Acredito que, implicitamente o livro nos leva a uma reflexão sobre a nossa cultura, mesmo que ela seja diferente da qual vivemos e diferente do nosso “padrão social”. Até onde a tradição pode nos levar? É preciso se adaptar à sociedade em que vivemos? Ou devemos nos manter firmes às nossas crenças?
A história de Emmi Itäranta é sim muito bonita, mas exige paciência. O contexto não soa interessante, principalmente aos jovens. É como se não vivêssemos isso, apesar de termos vivido algo parecido recentemente. Sem contar que a trama se desenvolve lentamente e o que deveria parecer doce e terno se torna enfadonho. Os personagens tampouco ajudam no desenvolvimento da trama: são "sem sal" e não empolgam em momento algum. Falta atitude numa história que fala sobre um tema muito sério, o futuro da água no mundo em que vivemos, o único mundo que podemos viver.
E tudo se torna apenas memória. Memória dos tempos que as pessoas não se preocupavam com a escassez da água. Memória daquilo tudo que já se foi. Memória da vida. Memória da água.

Cristiam Oliveira

22 anos, se formou em administração mas gosta mesmo de comunicação. Tem uma paixão enorme por cinema e adora, sobretudo, os livros. É muito organizado, calmo, chato e grudento; se apega muito fácil às pessoas que gosta e, às vezes, é extrovertido. Adora mudar e criar coisas; é muito curioso e persistente em tudo que faz. Gosta de cachorro mas prefere gatinhos (inclusive tem dois!).

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